Como líderes podem evitar ficar para trás na era da IA

TL;DR: Dan Priest, chefe de IA da PwC, alerta que 40% dos CEOs reconhecem que seus modelos de negócios podem não ser viáveis na próxima década devido ao avanço da IA. O problema não é a falta de crença no potencial da IA, mas a falha na execução prática, exigindo que líderes invistam em reskilling, mantenham humanos no centro da transformação e usem IA de forma estratégica para se diferenciar.

Takeaways:

  • A simples adoção de IA não garante vantagem competitiva – é necessário encontrar aplicações únicas que realmente diferenciem a empresa dos concorrentes
  • O reskilling é uma necessidade estratégica crítica, não apenas responsabilidade social, para reter talentos e adaptar-se às novas exigências do mercado
  • Diferentes gerações usam IA de forma distinta: jovens profissionais tendem a confiar excessivamente, enquanto experientes são relutantes – o equilíbrio é essencial
  • A estratégia do “primeiro e último rascunho” preserva originalidade: use IA apenas no segundo rascunho, mantendo seu pensamento no primeiro e sua voz no final
  • Humanos combinados com IA é que transformam negócios – a tecnologia sozinha não muda empresas, mas a sinergia entre inteligência humana e artificial sim

Como Líderes Podem Evitar Ficar Para Trás na Era da IA: Estratégias do Chefe de IA da PwC

Você já se perguntou por que algumas empresas prosperam com inteligência artificial enquanto outras ficam estagnadas? A resposta pode estar na diferença entre adotar IA na teoria e executá-la na prática.

Dan Priest, chefe de IA da PricewaterhouseCoopers, tem uma perspectiva única sobre esse dilema. Segundo ele, muitos líderes corporativos estão falhando na execução da IA, mesmo acreditando em seu potencial transformador.

Uma pesquisa recente da PwC revelou um dado alarmante: 4 em cada 10 CEOs esperam que seus modelos de negócios não sejam mais viáveis na próxima década se a IA continuar evoluindo no ritmo atual. Isso significa que 40% dos líderes empresariais reconhecem que estão em uma corrida contra o tempo.

Mas como evitar ficar para trás? Priest compartilha insights valiosos que podem fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso na era da IA.

A Lacuna Entre Teoria e Prática na Adoção de IA

A primeira barreira que os líderes enfrentam é a diferença entre acreditar no potencial da IA e implementá-la efetivamente. Muitas empresas ficam presas na fase de planejamento, sem nunca avançar para a execução real.

“É uma jornada disruptiva que precisa ser gerenciada”, explica Priest. Essa gestão vai além de simplesmente comprar ferramentas de IA ou contratar especialistas. Requer uma mudança fundamental na forma como a empresa opera.

Os líderes precisam:

  • Desenvolver estratégias concretas de implementação
  • Estabelecer métricas claras de sucesso
  • Criar cronogramas realistas para a adoção
  • Investir em infraestrutura adequada
  • Preparar suas equipes para a transformação

A falta de execução pode resultar em perda de oportunidades significativas de economia e crescimento. Enquanto algumas empresas aproveitam a IA para otimizar processos e descobrir novas fontes de receita, outras permanecem estagnadas.

Por Que a IA Sozinha Não É Mais Um Diferenciador

Aqui está uma verdade inconveniente: a simples adoção de IA não garante vantagem competitiva. Como Priest observa: “Se a IA é ubíqua e todo mundo tem acesso a ela, ela não pode ser seu único diferenciador.”

Isso significa que as empresas precisam ir além da implementação básica. É necessário encontrar maneiras únicas e inovadoras de aplicar a IA que realmente diferenciem a empresa dos concorrentes.

A maioria dos casos de uso de IA atualmente está apenas estabelecendo um novo padrão mínimo. É como ter um site na internet nos anos 2000 – necessário, mas não suficiente para se destacar.

As empresas vencedoras serão aquelas que:

  • Identificam aplicações únicas da IA em seus setores
  • Combinam IA com outras tecnologias emergentes
  • Desenvolvem soluções proprietárias
  • Criam experiências diferenciadas para clientes
  • Usam IA para reinventar modelos de negócio

O Impacto da IA nas Funções de Trabalho

Uma das questões mais complexas que os líderes enfrentam é determinar como a IA afetará suas equipes. Priest enfatiza que é crucial identificar quais funções serão auxiliadas pela IA, quais se tornarão obsoletas e onde novas habilidades serão necessárias.

Esta avaliação estratégica envolve:

Funções que serão auxiliadas:

  • Análise de dados complexos
  • Criação de conteúdo inicial
  • Atendimento ao cliente básico
  • Processos administrativos repetitivos

Funções que podem se tornar obsoletas:

  • Tarefas puramente operacionais
  • Análises simples e previsíveis
  • Entrada manual de dados
  • Alguns tipos de controle de qualidade

Novas habilidades necessárias:

  • Gestão de ferramentas de IA
  • Interpretação de resultados de IA
  • Pensamento crítico aprimorado
  • Colaboração homem-máquina

A chave é não apenas identificar essas mudanças, mas gerenciá-las de forma estratégica e humana.

A Importância Crítica do Reskilling

“Se você acredita que as pessoas são uma parte importante do seu sucesso futuro, deve investir no reskilling delas”, afirma Priest. Esta não é apenas uma questão de responsabilidade social – é uma necessidade estratégica.

O reskilling demonstra que a empresa valoriza seus funcionários e está comprometida com seu desenvolvimento a longo prazo. Mais importante ainda, ajuda a empresa a reter talentos valiosos enquanto se adapta às novas exigências do mercado.

Um programa eficaz de reskilling deve incluir:

  • Avaliação das habilidades atuais dos funcionários
  • Identificação das competências futuras necessárias
  • Criação de programas de treinamento personalizados
  • Estabelecimento de parcerias com instituições educacionais
  • Desenvolvimento de mentoria interna
  • Criação de oportunidades de prática hands-on

A falta de investimento em reskilling pode levar à perda de talentos e à dificuldade em acompanhar a evolução tecnológica.

Diferenças Geracionais no Uso da IA

Priest observa um padrão interessante no uso da IA por diferentes gerações de profissionais. “Membros de equipe em início de carreira são mais propensos a transferir muito do pensamento para a IA”, explica. “Membros de equipe em estágio avançado de carreira são provavelmente muito relutantes em usá-la consistentemente.”

Profissionais em início de carreira:

  • Tendem a confiar excessivamente na IA
  • Podem perder oportunidades de desenvolvimento de pensamento crítico
  • Precisam aprender a equilibrar automação com análise humana
  • Requerem orientação sobre quando e como usar IA apropriadamente

Profissionais experientes:

  • Podem ser resistentes à adoção de IA
  • Trazem expertise valiosa que complementa a IA
  • Precisam de suporte para superar barreiras tecnológicas
  • Podem ser mentores valiosos para uso equilibrado da IA

O desafio para os líderes é encontrar o equilíbrio ideal, combinando a expertise humana com a eficiência da tecnologia.

A Estratégia do Primeiro e Último Rascunho

Priest oferece um conselho prático valioso para o uso de IA na criação de conteúdo. Sua recomendação é usar a IA apenas para o segundo rascunho, mantendo a autoria do primeiro e último rascunho.

“Você quer que o pensamento seja seu. É por isso que o primeiro rascunho é tão importante”, explica Priest. “Você quer o benefício da edição e quer que o rascunho final esteja em sua voz.”

Este processo funciona da seguinte forma:

  1. Primeiro rascunho: Criado completamente por você, refletindo seu pensamento original
  2. Segundo rascunho: A IA ajuda a refinar, expandir e melhorar o conteúdo
  3. Rascunho final: Você retoma o controle, garantindo que o resultado final reflita sua voz e visão

Esta abordagem garante que:

  • A originalidade seja preservada
  • O pensamento crítico seja mantido
  • A eficiência seja otimizada
  • A autenticidade seja assegurada

Humanos no Centro da Transformação

Talvez o insight mais importante de Priest seja este: “O objeto brilhante é a IA, mas eu não conheço um único agente de IA que esteja mudando um negócio. São os humanos combinados com esses agentes de IA que mudam o negócio.”

Esta perspectiva redefine completamente como devemos pensar sobre a IA. Não se trata de substituir humanos por máquinas, mas de criar uma sinergia poderosa entre inteligência humana e artificial.

Os humanos trazem:

  • Criatividade e inovação
  • Pensamento estratégico
  • Empatia e compreensão emocional
  • Julgamento ético
  • Adaptabilidade contextual

A IA contribui com:

  • Processamento de grandes volumes de dados
  • Análise de padrões complexos
  • Automação de tarefas repetitivas
  • Velocidade de execução
  • Consistência operacional

Estratégias Práticas Para Implementação

Com base nos insights de Priest, aqui estão estratégias práticas que os líderes podem implementar imediatamente:

1. Avaliação Estratégica:

  • Conduza uma auditoria completa das capacidades atuais da empresa
  • Identifique áreas onde a IA pode gerar maior impacto
  • Estabeleça métricas claras de sucesso

2. Planejamento de Implementação:

  • Desenvolva um roadmap detalhado de adoção de IA
  • Comece com projetos piloto de baixo risco
  • Escale gradualmente com base nos resultados

3. Desenvolvimento de Talentos:

  • Invista em programas abrangentes de reskilling
  • Crie centros de excelência em IA
  • Estabeleça parcerias com universidades e institutos de pesquisa

4. Cultura Organizacional:

  • Promova uma mentalidade de aprendizado contínuo
  • Encoraje experimentação e aceitação de falhas
  • Reconheça e recompense inovações bem-sucedidas

O Futuro da Liderança na Era da IA

A era da IA não é apenas sobre tecnologia – é sobre liderança adaptativa. Os líderes que prosperarão são aqueles que conseguem equilibrar inovação tecnológica com desenvolvimento humano.

Priest nos lembra que “é uma jornada disruptiva que precisa ser gerenciada”. Esta gestão requer visão estratégica, coragem para experimentar e, acima de tudo, compromisso com o desenvolvimento das pessoas.

As empresas que colocam humanos no centro de suas iniciativas de IA, investem no reskilling de suas equipes e encontram maneiras únicas de aplicar a tecnologia estarão melhor posicionadas para prosperar.

O futuro pertence não àqueles que simplesmente adotam IA, mas àqueles que a integram estrategicamente em suas operações, sempre mantendo o elemento humano como o diferenciador final.

A pergunta não é se sua empresa deveria adotar IA, mas como você pode liderar essa transformação de forma que beneficie tanto o negócio quanto as pessoas que o tornam possível.

Comece hoje mesmo avaliando onde sua empresa está nesta jornada e que passos concretos você pode dar para garantir que não fique para trás na revolução da IA.


Fonte: Needleman, Sarah E. “PwC’s AI Chief Explained How Leaders Can Avoid Getting Left Behind”. Business Insider. Disponível em: https://www.businessinsider.com/pwcs-ai-chief-explained-how-leaders-can-avoid-getting-left-behind-2025-7

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