TL;DR: RAG (Retrieval-Augmented Generation) combina modelos de linguagem com recuperação de informações externas para gerar respostas fundamentadas. Existem diversas arquiteturas RAG, desde o Vanilla RAG (mais simples) até o Agentic RAG (mais complexo e adaptável). A escolha da arquitetura RAG impacta diretamente o desempenho, a escalabilidade e a efetividade do sistema de IA.
Takeaways:
- Vanilla RAG é ideal para domínios fechados, enquanto RAG Padrão aprimora a precisão com reformulação de queries e re-ranking.
- CAG elimina a busca em tempo real, sendo eficaz para dados estáveis e de conhecimento limitado.
- RAG Híbrido combina métodos densos e esparsos para maior cobertura informacional.
- HyDE gera um “documento hipotético” para ampliar o alcance semântico em consultas.
- Agentic RAG integra agentes de IA para planejamento e execução iterativa, adaptando-se ao contexto em tempo real.
Recuperação Aumentada por Geração (RAG): Tipos, Arquiteturas e Aplicações
Introdução
A Recuperação Aumentada por Geração (RAG) combina modelos de linguagem generativos com mecanismos de recuperação de informações externas para gerar respostas fundamentadas em dados. Essa abordagem possibilita a integração de conhecimento extraído de documentos e bases de dados, permitindo respostas mais contextualizadas e fundamentadas. Com isso, sistemas de RAG respondem a consultas de forma mais robusta, utilizando dados reais para embasar as respostas geradas.
Neste artigo, detalharemos as principais variantes das arquiteturas RAG, abordando desde a forma mais básica – o Vanilla RAG – até modelos mais sofisticados como o RAG Padrão, Cache-Augmented Generation (CAG), RAG Híbrido, HyDE (Hypothetical Document Embeddings) e Agentic RAG. Cada seção explicará o funcionamento técnico, as vantagens e limitações de cada abordagem, proporcionando uma visão abrangente do tema. A estrutura segue uma ordem didática que facilita a compreensão dos conceitos, mesmo para leitores sem conhecimento prévio aprofundado.
Utilizaremos exemplos práticos, citações técnicas e comparações para reforçar o entendimento dos conceitos discutidos. Ao longo do texto, poderão ser apresentados prompts e quotes que ilustram os pontos essenciais, possibilitando uma compreensão mais rica e contextualizada das técnicas. Dessa forma, o leitor poderá perceber como cada arquitetura se adapta a diferentes cenários e objetivos, equilibrando desempenho, latência e complexidade.
Vanilla RAG: A Abordagem Básica
Vanilla RAG representa a forma mais simples de recuperação aumentada por geração, onde um modelo generativo consulta uma base de conhecimento por meio de busca vetorial e utiliza os documentos recuperados para gerar a resposta. Essa abordagem se baseia em um único ciclo de pesquisa, sem iterações adicionais, e se mostra ideal para domínios fechados e estáticos, como FAQs corporativas e manuais de suporte. Conforme descrito em fontes técnicas, “Vanilla RAG é a forma básica de RAG, onde um modelo generativo consulta uma base de conhecimento via busca vetorial e gera respostas com base nos documentos recuperados.”
No pipeline básico, são empregadas tecnologias como bancos de vetores (ex.: Pinecone, FAISS) e modelos de linguagem (ex.: GPT-4) para processar as consultas. A simplicidade dessa abordagem implica em baixa latência, pois há menos etapas de processamento. Contudo, a ausência de mecanismos de refinamento pode resultar em limitações quando a consulta é complexa ou quando os documentos recuperados não oferecem o contexto suficiente para embasar uma resposta robusta.
A arquitetura Vanilla RAG não realiza múltiplas iterações de busca, o que pode comprometer a qualidade da resposta quando há ambiguidade na pergunta. Apesar disso, sua implementação é direta e econômica, o que a torna bastante adequada para aplicações que não exigem alta dinamização ou atualização frequente dos dados. Essa característica a posiciona como uma solução inicial eficaz para sistemas de perguntas e respostas em ambientes estáticos.
RAG Padrão: Aprimorando a Precisão
O RAG Padrão evolui a partir do Vanilla RAG ao incorporar técnicas avançadas para melhorar a qualidade da recuperação e da geração. Entre as melhorias, destacam-se a reformulação de queries (query rewriting), o re-ranqueamento dos resultados e a segmentação inteligente dos documentos. Conforme um resumo técnico avança, “RAG Padrão: Introduz aprimoramentos no pipeline básico – como reformulações de query, re-ranking e segmentação inteligente de textos –, aumentando a precisão da resposta.”
Esse modelo utiliza um pipeline que passa por várias etapas: inicialmente, a query é reformulada para enriquecer o contexto da busca; posteriormente, os resultados são reordenados com base em modelos de rankeamento cross-encoder, assegurando que os documentos mais relevantes sejam priorizados. Essa combinação de técnicas permite que o modelo atenda a domínios complexos e assegure maior confiança na resposta gerada, mesmo que isso implique um custo moderado em desempenho.
Além disso, a segmentação dos documentos em pedaços semanticamente coerentes garante que o modelo receba trechos completos e contextualmente ricos. Estudos de caso demonstram que a aplicação dessas técnicas pode, por exemplo, aumentar substancialmente métricas de relevância – como o NDCG – em ambientes de busca. Dessa forma, o RAG Padrão se posiciona como uma solução robusta para aplicações que exigem alta precisão sem sacrificar demasiadamente a velocidade de resposta.
Cache-Augmented Generation (CAG): Eliminação da Busca em Tempo Real
O Cache-Augmented Generation (CAG) apresenta uma abordagem inovadora ao eliminar a busca em tempo real. Em vez de realizar a consulta a cada pergunta, o modelo pré-carrega todo o conhecimento relevante dentro do seu contexto extenso, armazenando informações essenciais em um cache interno. Essa técnica permite que o LLM responda aproveitando dados já disponíveis, reduzindo drasticamente a latência durante a inferência.
Na fase de pré-processamento, os documentos são integrados ao modelo por meio de uma indexação antecipada que utiliza técnicas de cache, como o KV-cache. Assim, quando uma consulta é realizada, o modelo já possui a informação “em memória” e não precisa buscar externamente, o que torna a resposta muito mais rápida. Esse método é especialmente eficaz para cenários onde os dados são estáveis e não sofrem atualizações frequentes.
Porém, o CAG possui limitações importantes, como a dificuldade para lidar com bases de dados dinâmicas ou em constante crescimento. Ele se torna a opção ideal apenas para contextos de conhecimento limitado, como manuais técnicos ou documentação de versões estáveis de APIs. Dessa maneira, embora ofereça excelente desempenho em termos de latência e simplicidade operacional, o CAG não é adequadamente escalável para todos os tipos de aplicações.
RAG Híbrido: Cobertura Abrangente
O RAG Híbrido combina métodos densos e esparsos de recuperação para oferecer uma cobertura mais abrangente das informações disponíveis. Essa abordagem une a busca vetorial baseada em embeddings com métodos lexicais ou por palavras-chave, garantindo que tanto correspondências semânticas quanto exatas sejam consideradas durante a consulta. Tal combinação permite aproveitar as forças de cada técnica e reduzir as limitações quando aplicadas de forma isolada.
No processo, o sistema executa buscas paralelas em dois índices diferentes – um para a similaridade semântica e outro para correspondência textual – e funde os resultados por meio de algoritmos específicos para re-ranqueamento e desduplicação. Essa estratégia é particularmente útil em domínios técnicos onde termos específicos, siglas e jargões podem não ser captados apenas pela busca vetorial. Assim, o RAG Híbrido se destaca especialmente em cenários que demandam alta cobertura e robustez na recuperação das informações.
Apesar da eficácia na combinação de diferentes métodos, a implementação do RAG Híbrido exige mecanismos sofisticados de fusão e filtragem dos resultados. Esse processo pode aumentar a complexidade arquitetural e requer cuidados especiais com a latência e o processamento de dados redundantes. Ainda assim, quando bem calibrado, esse método proporciona respostas mais completas e contextualizadas, aproveitando o melhor dos dois mundos na recuperação de informação.
HyDE (Hypothetical Document Embeddings): Ampliando o Alcance Semântico
HyDE é uma técnica avançada que amplia o alcance semântico nas consultas ao gerar, inicialmente, um “documento hipotético” que responda à pergunta do usuário. Esse documento, criado por um LLM, é posteriormente transformado em um embedding denso que orienta a busca por documentos reais similares. Dessa forma, mesmo consultas ambíguas ou com vocabulário divergente podem obter resultados mais precisos.
O processo de HyDE inclui uma etapa extra que consiste em “pensar antes de buscar”. O LLM primeiro gera um texto idealizado que sintetiza uma resposta potencial, e esse conteúdo é então usado como base para recuperar informações do acervo. Embora essa abordagem implique uma chamada adicional ao LLM e, consequentemente, maior latência, os ganhos em termos de relevância e contexto compensam o custo extra de processamento.
Aplicações que demandam alta precisão semântica, especialmente em cenários zero-shot, se beneficiam significativamente do HyDE. Frameworks modernos, como o LangChain, já incorporam essa metodologia, demonstrando sua utilidade em pesquisas multidocumento e verificações de fatos. Assim, o HyDE se configura como uma solução promissora para elevar a qualidade das respostas, especialmente quando a consulta original é vaga ou de difícil correspondência.
Agentic RAG: Inteligência Contextual e Adaptação em Tempo Real
Agentic RAG representa a evolução dos sistemas RAG ao integrar agentes de inteligência artificial capazes de planejar, executar e validar múltiplas etapas de recuperação e geração. Esses agentes não apenas realizam buscas, mas também são capazes de decompor uma consulta em sub-tarefas e escolher a ferramenta ou fonte de informação mais adequada para cada etapa. Essa abordagem iterativa e dinâmica permite uma adaptação mais precisa ao contexto e às necessidades do usuário.
Um agente RAG, por exemplo, pode iniciar sua operação consultando uma base vetorial interna, em seguida, recorrer a uma pesquisa na web ou até mesmo acionar APIs especializadas para cálculos e validações. Conforme afirmado por Cardenas e Monigatti (2024):
“Um RAG comum é como estar numa biblioteca pesquisando sem smartphone; o Agentic RAG é como ter um smartphone com acesso à internet, calculadora, email etc. enquanto pesquisa.”
Essa citação exemplifica a flexibilidade e o potencial de integração que o Agentic RAG oferece, permitindo uma recuperação iterativa e refinada.
Embora ofereça uma gama muito ampla de recursos, o Agentic RAG envolve maior complexidade de implementação e custos computacionais. A orquestração entre múltiplos agentes, a gestão de memória compartilhada e a segurança nas interações externas impõem desafios técnicos consideráveis. Mesmo assim, essa abordagem é altamente promissora para aplicações que exigem respostas completas, adaptáveis e contextualizadas em tempo real, demonstrando seu valor em cenários complexos e dinâmicos.
Impactos e Implicações da Escolha da Arquitetura RAG
A escolha da arquitetura RAG exerce um impacto direto na escalabilidade, no desempenho e na efetividade do sistema de inteligência artificial. Para ambientes que demandam respostas rápidas e de baixa complexidade, modelos como o Vanilla RAG e o CAG podem ser mais adequados, mesmo que apresentem limitações em termos de cobertura e robustez. Por outro lado, arquiteturas mais avançadas oferecem maior profundidade, porém com custos adicionais de processamento e latência.
Em aplicações que envolvem domínios técnicos ou que requerem alto nível de precisão, variantes como o RAG Padrão e o HyDE demonstram claras vantagens. A capacidade de reestruturar queries, reordenar resultados e integrar diferentes fontes de informação torna essas abordagens mais confiáveis para consultas complexas. Ainda, o Agentic RAG, com sua capacidade iterativa e inteligência contextual, se destaca em cenários abertos e multi-etapas, embora sua implementação seja mais desafiadora e dispendiosa.
A decisão sobre qual arquitetura adotar deve considerar múltiplos trade-offs, tais como custo, latência, complexidade implementacional e a natureza dos dados a serem processados. Em suma, cada variante apresenta pontos fortes que podem ser explorados conforme o contexto da aplicação, sendo essencial uma avaliação estratégica para montar um sistema de IA escalável e preciso que atenda às necessidades do usuário final.
Conclusão
Em síntese, o presente artigo apresentou de forma detalhada as principais variantes da Recuperação Aumentada por Geração, desde o modelo mais simples (Vanilla RAG) até as arquiteturas mais complexas, como o Agentic RAG. Cada abordagem foi discutida com base em seus mecanismos de busca, geração e adaptação ao contexto, permitindo uma compreensão ampla do tema. Essa análise evidencia como a escolha do modelo afeta diretamente a eficácia das respostas fornecidas pelos sistemas de IA.
Observa-se que, embora métodos simples ofereçam baixa latência e facilidade de implementação, eles podem não suprir as necessidades de consultas complexas ou de domínios dinâmicos. Em contrapartida, técnicas mais avançadas, como o HyDE e o Agentic RAG, proporcionam maior precisão e flexibilidade, mas implicam em desafios técnicos e maiores custos computacionais. Essa inter-relação destaca a importância de balancear os trade-offs entre inovação e praticidade na escolha da arquitetura.
Por fim, é esperado que os avanços na integração de agentes inteligentes e na melhoria dos frameworks de recuperação tragam soluções cada vez mais eficazes para o processamento de linguagem natural. A compreensão das nuances de cada técnica permitirá aos desenvolvedores montar sistemas de RAG mais adaptáveis e robustos, conduzindo a uma era de assistentes de IA que sejam, ao mesmo tempo, precisos e escaláveis.
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