Minha história

Aos 17 anos, eu estava diante de um abismo. Minha família estava atolada em dificuldades financeiras e meu futuro parecia incerto. O mercado de trabalho em 1987 estava longe de ser favorável, e as duas habilidades que eu possuía – tocar violão e programar computadores – pareciam de pouco valor. Mas, como eu estava prestes a aprender, a vida tem um jeito engraçado de abrir portas onde antes só havia paredes.

Um amigo, que recentemente fundou uma empresa de sistemas, me estendeu uma mão. Me deu dois livros – um sobre COBOL, a linguagem de programação, e outro sobre contabilidade – com a promessa de um emprego se eu conseguisse construir um sistema em três meses. Aceitei o desafio e, assim, embarquei em uma jornada que me levaria a lugares que nunca sonhei.

Consegui a vaga e me vi imerso no mundo da contabilidade. Equilibrei meu trabalho com os estudos de engenharia elétrica e, mais tarde, mudei para a administração de empresas. Ao longo dos anos, assumi várias funções – de programador a analista, de gerente de projetos a diretor de produtos e comercial em empresas de TI. Cada papel me levou mais fundo no campo da contabilidade.

Nesse período, vi a importância da contabilidade no contexto empresarial e entendi que havia fronteiras a serem exploradas com mais profissionalismo: a gestão de talentos e o legado empresarial. Era claro para mim que esses aspectos precisavam ser aprimorados para que o setor pudesse evoluir.

Não foi uma jornada fácil. Experimentei o sabor amargo do fracasso mais de uma vez. No final da década de 1990, fundei uma startup e co-fundei uma unidade de negócios de uma grande empresa brasileira de ERP. Ambas as empresas não resistiram. Mas, os meus fracassos se tornaram os meus melhores professores.

No início dos anos 2000, encontrei uma nova direção. Tornei-me diretor de marketing e vendas de uma empresa de software voltada para escritórios de contabilidade. Para entender melhor meu público, mergulhei no mundo acadêmico, ensinando sistemas de gestão para estudantes de ciências contábeis.

Em seguida, percebi que a transformação digital estava prestes a chegar ao setor contábil. Estudei o projeto SPED e NFe e comecei a dar palestras sobre o assunto por todo o Brasil. Quando fui instruído a parar de ensinar sobre SPED por falta de referências bibliográficas, escrevi e publiquei o primeiro livro sobre o tema em apenas três meses. Surpreendentemente, o livro vendeu 4.000 exemplares em seis meses!

A partir de 2014, decidi ensinar os métodos de gestão, marketing e vendas praticados pelas empresas de TI para empreendedores da contabilidade. Assim nasceu o curso “Contador 2.0”. Hoje, além de prestar consultoria para empresas de contabilidade no Brasil e nos EUA, também participo de conselhos consultivos de startups, invisto em startups, ajudo escritórios em processos de M&A e continuo compartilhando minha experiência e conhecimento através do meu blog. E ainda encontro tempo para fazer palestras sobre temas importantes para a gestão de empresas contábeis.

A cada passo do caminho, aprendi que nenhuma experiência é desperdiçada se estivermos dispostos a aprender com ela. Hoje, olho para trás e vejo que cada desafio, cada fracasso e cada vitória moldaram a pessoa que sou. Agora, minha missão é compartilhar essa experiência para inspirar e capacitar os profissionais de contabilidade a embarcar em suas próprias jornadas de transformação e crescimento. Lembre-se: em um mundo que está em constante mudança, os contadores que usam a inteligência artificial não substituirão os que não usam, mas sim os que não a usam serão substituídos pelos que a usam. Portanto, dediquem parte relevante do seu tempo à gestão de talentos e ao uso de IA no dia a dia da sua empresa. A jornada vale a pena.