Web Agentic e IA: O Futuro da Busca com Kevin Scott

TL;DR: A Web Agentic representa uma revolução na internet onde agentes de IA autônomos poderão executar tarefas complexas em nome dos usuários, transformando a experiência de navegação online através de protocolos como o MCP e NLWeb. Esta nova arquitetura exigirá novos modelos de negócio para criadores de conteúdo e empresas, enquanto equilibra inovação e direitos autorais.

Takeaways:

  • Agentes de IA atuarão com autonomia supervisionada, executando sequências complexas de ações e interagindo com serviços web através de protocolos padronizados como o MCP (Modelo de Contexto Protocolo).
  • O modelo atual de receita baseado em tráfego está sendo desafiado, exigindo novas formas de monetização para criadores de conteúdo quando agentes de IA fornecem respostas diretas sem redirecionar usuários.
  • A Microsoft está promovendo protocolos abertos como NLWeb para facilitar a integração de sites ao ecossistema da Web Agentic, permitindo que desenvolvedores participem sem barreiras significativas.
  • O futuro da web enfatizará relacionamentos autênticos com clientes em vez de métricas de tráfego, criando oportunidades para interações assíncronas e experiências altamente personalizadas.
  • A evolução para a Web Agentic exigirá um equilíbrio entre impulsionar a inovação em IA e proteger adequadamente os direitos dos criadores de conteúdo.

O Futuro da Busca: Como a Web Agentic Vai Transformar Nossa Experiência Online

A revolução da inteligência artificial está prestes a transformar radicalmente a forma como interagimos com a internet. Kevin Scott, CTO da Microsoft, apresenta uma visão inovadora sobre como agentes de IA autônomos poderão atuar em nosso nome, criando uma experiência de navegação completamente nova. Bem-vindo à Web Agentic – um ecossistema onde a tecnologia trabalha para você, não o contrário.

A Web Agentic: Agentes de IA Atuando em Seu Nome

Imagine delegar tarefas complexas a um assistente digital inteligente que pode navegar pela web, acessar informações e realizar ações concretas – como reservar um hotel ou pesquisar o melhor produto – sem sua intervenção constante. Esta é a premissa da Web Agentic.

A visão de Kevin Scott para este futuro é ambiciosa e transformadora:

  • Delegação de tarefas complexas: Os agentes de IA poderão executar sequências elaboradas de ações, compreendendo contexto e objetivos.
  • Interoperabilidade através de protocolos abertos: Para que agentes de diferentes empresas possam trabalhar juntos, será necessário criar padrões que permitam o acesso uniforme a conteúdos e serviços.
  • Autonomia com supervisão: Os agentes atuarão em nome dos usuários, mas seguindo diretrizes claras e respeitando limites estabelecidos.

“A chave para o sucesso da IA reside na abertura do espaço de ação para os agentes, em vez de apenas na orquestração”, afirma Scott, destacando a necessidade de criar todo um ecossistema para viabilizar esta visão.

A Microsoft está investindo pesadamente no desenvolvimento desses protocolos abertos, buscando facilitar a interação entre agentes e a web tradicional. O objetivo final é criar uma internet onde a tecnologia trabalhe proativamente para atender às necessidades dos usuários.

Modelo de Contexto Protocolo (MCP): O HTTP da Web Agentic

No centro desta revolução está o Modelo de Contexto Protocolo (MCP), desenvolvido pela Anthropic com apoio da Microsoft. Este protocolo promete ser para a Web Agentic o que o HTTP foi para a web tradicional: a espinha dorsal tecnológica que viabiliza todo o sistema.

O MCP resolve um problema fundamental: como permitir que agentes de IA interajam com bancos de dados e serviços de maneira controlada e eficiente. Em vez da abordagem frágil de “clicar” em sites – que simula a interação humana de forma ineficiente – o MCP estabelece canais de comunicação diretos e estruturados.

Aspectos cruciais do MCP incluem:

  • Interação controlada: O protocolo permite que agentes acessem apenas as informações e funções explicitamente disponibilizadas pelos serviços.
  • Padronização: Estabelece uma linguagem comum para que diferentes agentes possam interagir com diversos serviços.
  • Apoio da indústria: Grandes empresas como OpenAI e Google estão apoiando este padrão, reconhecendo sua importância estratégica.

A Microsoft está colaborando ativamente com a Anthropic para promover e aprimorar o MCP, vendo-o como fundamental para a próxima geração da web. Este protocolo permite que provedores de conteúdo mantenham controle sobre o que disponibilizam e sob quais termos, criando um equilíbrio necessário no ecossistema.

O Problema do Modelo de Negócio para a Web Agentic

Um dos maiores desafios para a implementação da Web Agentic é econômico: como garantir que todos os participantes do ecossistema – criadores de conteúdo, desenvolvedores e plataformas – possam prosperar neste novo ambiente?

O modelo atual da web, onde sites dependem de tráfego para gerar receita através de publicidade, está sendo ameaçado. Quando respostas são exibidas diretamente em produtos de busca com IA, sem direcionar os usuários para os sites originais, a sustentabilidade do ecossistema é comprometida.

Kevin Scott reconhece este desafio:

  • Insustentabilidade do modelo atual: O tráfego para sites está diminuindo à medida que as respostas são exibidas diretamente nas interfaces de busca com IA.
  • Necessidade de novos incentivos: É crucial criar modelos que motivem empresas a participar da Web Agentic.
  • Controle para provedores de conteúdo: Os criadores precisam poder decidir o que disponibilizam e como monetizam seu trabalho.

“O modelo de receita para sites está quebrado”, observa Scott, destacando como o tráfego está diminuindo devido às respostas diretas fornecidas por ferramentas de busca baseadas em IA.

O MCP tenta endereçar este problema permitindo que provedores de conteúdo e serviços decidam o que disponibilizar e como monetizar o acesso de agentes, oferecendo flexibilidade nos modelos de negócios – desde assinaturas até publicidade contextual.

NLWeb: Facilitando a Integração com a Web Agentic

Para acelerar a adoção da Web Agentic, a Microsoft desenvolveu o NLWeb – um conjunto de protocolos e códigos que permite aos desenvolvedores integrar seus sites ao novo ecossistema sem barreiras significativas.

O NLWeb foi projetado com simplicidade em mente, tornando a integração acessível mesmo para pequenos desenvolvedores:

  • Integração sem permissão: Desenvolvedores podem adotar o NLWeb independentemente, sem precisar de aprovação ou parceria com grandes empresas.
  • Exposição estruturada de dados: Permite que sites apresentem seu conteúdo de forma que os agentes possam compreender e interagir.
  • Aumento de visibilidade: Sites integrados ao NLWeb tornam-se mais acessíveis aos agentes e, consequentemente, aos usuários.

O Tripadvisor é um exemplo de adoção bem-sucedida, tendo implementado o NLWeb rapidamente e demonstrando seu potencial de integração simplificada.

“A simplicidade dos protocolos é uma característica desejável”, afirma Scott, “pois facilita a adoção generalizada e permite que agentes se tornem mais úteis e capazes de realizar tarefas complexas.”

A Perspectiva de Kevin Scott sobre o Futuro da Web

Kevin Scott tem uma visão única sobre o futuro da web, baseada não apenas em sua posição como CTO da Microsoft, mas também em sua experiência como proprietário de uma pequena loja online.

Scott enfatiza que o verdadeiro valor está na construção de relacionamentos autênticos com os clientes, não apenas na geração de tráfego:

  • Relacionamentos sobre tráfego: Cultivar conexões genuínas com clientes é mais valioso que métricas de visitação.
  • Oportunidades assíncronas: A Web Agentic permite interações que não exigem atenção constante do usuário, criando novas oportunidades de engajamento.
  • Personalização aprofundada: Agentes podem facilitar experiências altamente personalizadas, fortalecendo a fidelidade do cliente.

“Prefiro construir um relacionamento autêntico com os clientes em vez de depender de SEO”, compartilha Scott, refletindo sobre sua experiência com uma pequena loja Shopify.

Esta perspectiva representa uma mudança significativa na forma como pensamos sobre presença online – de uma competição por atenção para um foco em relacionamentos significativos e duradouros.

IA e Criatividade: Equilibrando Inovação e Direitos Autorais

Um tema crucial no desenvolvimento da Web Agentic é o equilíbrio entre impulsionar a inovação em IA e proteger os direitos dos criadores de conteúdo.

Os modelos de IA são treinados em vastos conjuntos de dados, muitos dos quais incluem obras protegidas por direitos autorais. Isso levanta questões importantes sobre uso justo, atribuição e compensação.

Kevin Scott adota uma posição equilibrada sobre esta questão:

  • Valorização dos criadores: Criadores como Hayao Miyazaki devem ser incentivados e compensados adequadamente.
  • Distinção de aplicações: Há diferença entre usar IA para entretenimento e para resolver problemas críticos como diagnósticos médicos.
  • Flexibilidade nos modelos de compensação: Scott está aberto a diferentes abordagens para garantir que criadores sejam remunerados justamente.

“É fundamental que a economia criativa não seja prejudicada pela IA”, enfatiza Scott, reconhecendo a importância de proteger os direitos dos criadores enquanto se avança com a tecnologia.

O escritório de direitos autorais está atualmente considerando diretrizes sobre o uso de obras protegidas para treinamento de IA, o que poderá estabelecer precedentes importantes para o futuro da indústria.

A Relação entre Microsoft e OpenAI: Uma Evolução Contínua

A parceria entre Microsoft e OpenAI representa um caso interessante de colaboração e competição simultâneas no espaço de IA. Esta relação evoluiu significativamente ao longo do tempo, refletindo as mudanças no mercado e nas estratégias das empresas.

Atualmente, a dinâmica entre as duas organizações é multifacetada:

  • Cliente e parceiro: A OpenAI é um cliente importante do Azure, mas também um parceiro na construção da plataforma de IA da Microsoft.
  • Colaboração técnica: As empresas continuam trabalhando juntas em projetos de segurança, infraestrutura e outras áreas técnicas.
  • Iniciativas independentes: A OpenAI tem desenvolvido produtos voltados ao consumidor, como o ChatGPT, que têm sua própria identidade no mercado.

“A Microsoft vê o sucesso do ChatGPT como benéfico para a plataforma Azure”, explica Scott, ilustrando como a relação pode ser mutuamente vantajosa mesmo quando as empresas seguem direções distintas.

Esta parceria demonstra como a colaboração pode coexistir com a autonomia estratégica no complexo ecossistema de IA, estabelecendo um precedente para outras alianças no setor.

Preparando-se para a Nova Era da Web

A Web Agentic representa uma transformação fundamental na forma como interagimos com a internet. Em vez de buscarmos informações e serviços ativamente, agentes inteligentes trabalharão continuamente em nosso nome, antecipando necessidades e executando tarefas complexas.

Esta mudança de paradigma trará oportunidades e desafios significativos:

  • Para empresas, será essencial adaptar modelos de negócio para prosperar em um ambiente onde o tráfego direto pode diminuir, mas as oportunidades de engajamento significativo podem aumentar.
  • Para desenvolvedores, a adoção de protocolos como MCP e NLWeb será crucial para garantir que seus serviços permaneçam relevantes e acessíveis.
  • Para usuários, haverá um equilíbrio a ser encontrado entre conveniência e controle, delegando tarefas aos agentes enquanto mantêm supervisão sobre suas ações.

A Microsoft, sob a liderança de Kevin Scott, está posicionando-se como uma arquiteta fundamental desta nova web, promovendo padrões abertos e colaboração entre diferentes players do mercado.

“Com o novo projeto de busca, o NLWeb e o investimento no MCP, a Microsoft busca criar uma mudança arquitetural para a web”, resume Scott, destacando o objetivo de criar um novo modelo que funcione para todos os participantes do ecossistema.

O futuro da web está sendo redesenhado, e a Web Agentic promete ser uma evolução tão significativa quanto foi a transição da web estática para a web interativa. Estamos apenas começando a vislumbrar as possibilidades deste novo paradigma.

Referências Bibliográficas

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