A baixa produtividade no trabalho é um dos maiores desafios enfrentados pelos gestores de escritórios de contabilidade. Identificar as causas desse problema pode ser um desafio complexo, que pode estar relacionado a uma equipe desmotivada ou a um sistema de gestão ineficiente.
O dia a dia dos contadores pode ser estressante, com prazos apertados, falta de treinamento e poucas perspectivas de crescimento na empresa, além de desalinhamento entre equipes e outros fatores.
Para superar esses desafios, o modelo de Partnership surge como uma alternativa inovadora para escritórios contábeis e empresas de diversos setores. Continue lendo para saber como implementar com sucesso a Partnership em seu escritório contábil.
O que é o sistema de partnership?
Com a veia do empreendedorismo cada vez mais saltando no pescoço dos brasileiros, as pessoas não querem mais ficar 20, 30, 40 anos trabalhando para um patrão. Elas querem, elas mesmas, serem donas de seus negócios.
Por isso, muitas vezes o desânimo em trabalhar “para os outros” resulta em trabalhadores desmotivados, que fazem somente o necessário, que não vão além, que não se esforçam tanto quanto poderiam.
Mas e se esses mesmos trabalhadores pudessem se tornar “sócios” do patrão? No sistema de partnership, é possível. Essa é uma parceria entre o colaborador e o dono da empresa – aqueles que entregam os melhores resultados podem, por mérito, tornar-se sócios.
Pode parecer loucura, principalmente para quem está acostumado com pequenos escritórios familiares controlados pela mesma família há gerações, mas o modelo funciona e vem trazendo resultados melhores para uma série de empresas de renome, como a XP Investimentos e startups do Vale do Silício.
Enfim, Partnership é uma forma de incentivar seus funcionários a buscar resultados em prol da empresa, com a possibilidade de se tornarem sócios em um futuro próximo e, assim, compartilharem do sucesso da companhia através de participação acionária (equity).
Essa situação difere do caso em que uma empresa não tem um profissional qualificado para ocupar cargos estratégicos e oferece participação societária como incentivo. Nesses casos, geralmente é oferecido um percentual abaixo do valor de mercado ou até mesmo sem nenhum custo, devido à falta de recursos financeiros da empresa para arcar com a remuneração desses novos sócios no início.
Portanto, Partnership é uma alternativa que, em geral, oferece a possibilidade de um empregado se tornar sócio da empresa, mediante pagamento de um valor de mercado com sua remuneração ou bônus.
Remuneração e crescimento profissional no partnership
Como você provavelmente já percebeu, o partnership é um modelo meritocrático: quanto mais trabalha, mais o colaborador é recompensado. O objetivo é tirar o melhor de cada um e, com isso, atingir os melhores resultados.
A remuneração, portanto, ocorre conforme o desempenho do colaborador: ele pode receber um salário fixo e ter participação nos lucros; pode receber uma porcentagem sobre os lucros totais da empresa ou, caso sócio, receber comissão e dividendo.
Como ter sucesso com partnership no escritório contábil?
Pense no partnership como um relacionamento – um namoro ou casamento – você precisa imprimir nele dedicação e energia, ou não dá certo, não vai para a frente. Sempre aparecem alguns atritos, porque há pessoas envolvidas, mas o sucesso depende, antes de tudo, de um comunicação adequada.
Para que a parceria dê certo, é preciso que as partes estejam focadas nos mesmos objetivos. Imagine que dois contadores estão focados em conquistar um determinado cliente.
Não importa que eles sejam diferentes e tenham competências diferentes, ambos estarão empenhados em usar suas habilidades para o mesmo objetivo e, justamente por isso, estarão aumentando as chances de fechar o contrato.
O outro ponto importantíssimo é a comunicação. Afinal, como as pessoas saberão compartilhar de objetivos se a empresa, antes de tudo, não souber defini-los, debatê-los e comunicá-los?
No sistema de partnership, é importante estar se comunicando constantemente, solucionando os conflitos, eliminando atritos o mais rápido possível. E, para que isso aconteça da melhor forma, é preciso que haja muita clareza em cada papel do partnership.
Como discutir pontos como desempenho e remuneração, por exemplo, se não for claro o que está sendo avaliado, como está sendo avaliado e de que modo a remuneração é calculada?
Além dessa clareza, a motivação também é definida através de metas. E quando elas forem atingidas? Faça novas metas. Lembrando que metas precisam ser ambiciosas, porém atingíveis. Isso mantém seus colaboradores motivados e trabalhando a todo o vapor.
Construindo uma cultura do contexto
Muitos escritórios de contabilidade tentam implementar o partnership e acabam falhando porque não pensam na importância da cultura organizacional.
Há empresas onde, quando o gerente não está, nada funciona. Quando o CEO sai para almoçar, ninguém toma decisões. Quando ele está em casa ou viaja, é uma chuva de e-mails e telefonemas. Nada anda.
Isso acontece porque há um sistema obsoleto e vertical – a gestão por controle – que hoje se mostra extremamente ineficiente. Com o avanço da tecnologia, mais do que nunca as pessoas precisam de respostas rápidas, de decisões rápidas e acertadas.
Para que seus colaboradores possam tomar essas decisões, eles precisam de autonomia. E, para que tenham autonomia, é necessária uma estrutura diferente – horizontal e alinhada – onde as competências desse colaborador sejam aproveitadas da melhor forma possível.
Como vimos anteriormente, o sistema de parceria depende de um alinhamento de objetivos. Isso significa dizer que todos precisam estar a bordo. Não adianta o CEO ter a ideia e os contadores não compartilharem dela ou um contador saber e outros três, não.
Se todos sabem claramente quais são os objetivos da empresa e têm autonomia, eles sabem quais riscos podem cometer e quais não devem.
Quando há uma cultura de transparência, seus colaboradores têm as informações de que precisam para se sentirem ‘donos do negócio’ e tomarão decisões muito mais comprometidas: se sua empresa ganha, eles ganham, também.
Na trilha do sucesso
Quem opta pela trilha do modelo de partnership e se compromete realmente com o desafio de criar uma cultura por contexto, com a criação e comunicação de metas e objetivos e a entrega de uma remuneração variável pode se surpreender com os resultados.
Embora ao se falar de uma gestão por contexto e da obsolescência do modelo anterior de gestão por controle, vale lembrar que esse ainda é um modelo que permite um controle claro do desempenho, uma vez que oferece métricas claras para verificar o rendimento dos colaboradores.
Por mais assustador que ter sócios possa parecer, a verdade é que, quanto mais parceiros sua empresa tiver, ou seja, quanto mais pessoas estiverem trabalhando pelos seus objetivos, mais forte seu escritório de contabilidade será.
5 passos fundamentais
1. Alinhamento de expectativas entre atuais sócios.
O primeiro passo para estabelecer um programa de Partnership
é o alinhamento claro entre os sócios. A comunicação eficaz é fundamental para garantir que todos estejam cientes da chegada de novos sócios e possam lidar com questões delicadas, como a administração de conflitos e tomadas de decisão estratégicas.
Além disso, é importante estabelecer as condições contratuais que regem a entrada dos novos sócios, incluindo o percentual societário, as regras de compra e recompra de ações e as circunstâncias em que um sócio pode ser excluído compulsoriamente da sociedade.
Como empreendimentos estão sempre sujeitos a mudanças, é crucial que os sócios mantenham uma comunicação contínua e eficaz, garantindo que todos estejam cientes das decisões tomadas e possam contribuir para o sucesso da empresa de forma colaborativa.
1. Alinhamento de expectativas com equipe.
A comunicação eficaz com a equipe é um dos desafios mais complexos enfrentados pelas empresas. Muitas vezes, os funcionários não entendem o valor de possuir participação acionária em uma sociedade, o que pode levar a uma falta de interesse em aderir à Partnership.
Nesse sentido, é crucial que a liderança da empresa promova uma comunicação clara e transparente, utilizando exemplos práticos e sessões de perguntas e respostas para ilustrar os benefícios do equity em um ambiente de crescimento acelerado. Dessa forma, os colaboradores podem compreender que o retorno financeiro do percentual societário pode ser muito mais vantajoso do que um bônus em dinheiro.
Com essa abordagem, a equipe pode se tornar mais engajada e comprometida com o sucesso da empresa, contribuindo para perenidade da empresa.
3. Estrutura do programa
Após a etapa de alinhamento entre sócios e equipe, é hora de seguir para a parte técnica do processo de estabelecimento da Partnership.
Para isso, é essencial contar com uma equipe de profissionais qualificados para auxiliar na discussão e redação do Plano de Partnership. O plano deve incluir todas as regras que serão utilizadas para oferecer a participação acionária aos funcionários.
Entre as principais questões a serem abordadas estão as condições para convidar um empregado a se tornar sócio, o cálculo para definir o valor da participação, as circunstâncias em que um sócio pode ser excluído e como isso será feito, além das condições e qualidades das ações vinculadas à Partnership.
Com uma abordagem clara e objetiva, o Plano de Partnership pode se tornar uma ferramenta valiosa para a atração e retenção de talentos em uma startup ou empresa em crescimento, contribuindo para a construção de um ambiente de trabalho mais colaborativo e produtivo.
4. A formalização do programa
Após a elaboração do Plano de Partnership, é essencial avaliar se o Contrato Social e o Acordo de Sócios não estão em conflito com o plano estabelecido. Isso ocorre porque muitas vezes esses documentos não são criados com a visão de uma Partnership no futuro, o que pode gerar impasses legais que dificultam ou impossibilitam a execução do plano mais adiante.
É importante destacar a importância de um Acordo de Sócios em casos onde ainda não exista tal documento. Este é o momento oportuno para a redação e assinatura entre todos os sócios atuais, visando estabelecer as bases para a entrada de novos sócios e garantir que todos os termos e condições estejam em pleno acordo com o Plano de Partnership.
Com essas medidas, é possível minimizar os riscos e maximizar as chances de sucesso em uma Partnership, estabelecendo bases sólidas para o crescimento sustentável da empresa.
5. Compra e recompra
Por fim, é necessário elaborar os documentos que garantirão o direito à aquisição de participação acionária na empresa pelos funcionários, tecnicamente chamados de Opção de Compra ou Stock Options.
Na Opção de Compra, são definidos o percentual oferecido, as eventuais condições de cliff e vesting, além do preço que será pago pelo funcionário para adquirir a participação.
É recomendável redigir e apresentar aos funcionários que participarão do Plano a Opção de Recompra que será eventualmente exercida pela empresa em casos de exclusão ou saída forçada de sócios que descumprem as regras previstas no Plano de Partnership.
A recompra tem o objetivo de proteger a empresa e os demais sócios de situações em que um sócio não cumpre suas obrigações, mas se recusa a sair da sociedade para aproveitar a valorização do ativo, mesmo sem esforços para alcançá-lo, por exemplo.
Ao seguir esses procedimentos, a empresa estabelece uma estrutura sólida e transparente para a participação dos funcionários na sociedade, fortalecendo a cultura colaborativa e atraindo talentos para impulsionar o crescimento da empresa.
Conclusão
A baixa produtividade no trabalho e a retenção de talentos são eternos desafios dos escritórios de contabilidade. O modelo de Partnership surge como uma alternativa inovadora para escritórios contábeis, que oferece a possibilidade de um empregado se tornar sócio da empresa, mediante pagamento de um valor de mercado com sua remuneração ou bônus. O Partnership é um modelo meritocrático, onde quanto mais trabalha, mais o colaborador é recompensado. A comunicação eficaz e o alinhamento de objetivos são fundamentais para o sucesso da Partnership. Com uma estrutura sólida e transparente para a participação dos funcionários na sociedade, a empresa pode fortalecer a cultura colaborativa e atrair talentos para impulsionar o crescimento da empresa.
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