TL;DR: O lançamento do ChatGPT em 2022 causou disrupção ao popularizar a IA generativa, enquanto o GPT-5 em 2025 focou em confiabilidade e integração. A recepção pública mudou do espanto para uma avaliação pragmática, e a engenharia de prompts se tornou essencial para otimizar os resultados. A normalização da IA generativa exige uso sustentável e práticas responsáveis.
Takeaways:
- ChatGPT popularizou a IA generativa, enquanto GPT-5 priorizou confiabilidade e eficiência.
- A reação do público evoluiu do medo e fascínio para uma avaliação crítica e pragmática.
- A engenharia de prompts tornou-se uma habilidade essencial para direcionar e otimizar a IA.
- A normalização da IA generativa requer práticas responsáveis e uso sustentável.
- A capacidade da IA de gerar textos fluentes não significa que ela “entenda o mundo”, exigindo validação humana.
Comparativo entre o lançamento do ChatGPT (2022) e do GPT-5 (2025): da disrupção à normalização da IA generativa
Introdução
O lançamento do ChatGPT, em 2022, e a chegada do GPT-5, em 2025, marcam fases distintas no ciclo de vida da IA generativa. O primeiro tornou público, em escala massiva, o que redes neurais de linguagem podiam fazer em termos de fluidez textual; o segundo consolidou essa capacidade como infraestrutura, priorizando confiabilidade, eficiência e integração a fluxos de trabalho. Em outras palavras, saímos do espanto e da experimentação para o pragmatismo e a operação cotidiana.
Neste artigo, organizamos um comparativo didático em torno de três eixos: recepção pública, narrativa midiática e a distinção entre fatos técnicos e percepções equivocadas. Examinamos como o ChatGPT, baseado no GPT-3.5, foi disponibilizado como research preview e desencadeou uma explosão de uso e debate, enquanto o GPT-5 estreou como um “modelo unificado” no ecossistema OpenAI (sucedendo o GPT-4o), com foco em reduzir erros, acelerar raciocínio sob demanda e integrar-se a ferramentas de trabalho como o Microsoft Copilot.
Introdução ao comparativo entre ChatGPT (2022) e GPT-5 (2025)
Comparar ChatGPT (2022) e GPT-5 (2025) é contrastar uma disrupção cultural com uma evolução arquitetônica. O ChatGPT, baseado no GPT-3.5, mostrou que uma interface de chat simples poderia democratizar o acesso à IA generativa. Já o GPT-5 foi lançado como um modelo unificado que sucede o GPT-4o e enfatiza confiabilidade e eficiência, deslocando o foco da curiosidade para a entrega consistente em ambientes reais de trabalho.
A análise se organiza em três eixos: recepção pública, narrativa midiática e a fronteira entre fatos técnicos e equívocos populares. Em 2022, predominou o espanto e o medo; em 2025, a reação foi mais pragmática, mesclando elogios técnicos a críticas de “tom frio”. Em ambos os momentos, é crucial separar o que os modelos efetivamente fazem daquilo que projetamos sobre eles como expectativas ou receios.
Esse comparativo também explicita o papel da engenharia de prompts ao longo do período. Em 2022, prompts vagos alimentaram frustrações; ao mesmo tempo, o fenômeno revelou a importância de orientar o sistema com clareza de intenção, contexto e formato. Em 2025, mesmo com melhorias substanciais em raciocínio e redução de alucinações, a habilidade de modular profundidade, estilo e estrutura da resposta via prompt permaneceu central para extrair valor prático.
ChatGPT (2022): A explosão cambriana da IA
O ChatGPT inaugurou uma fase de fascínio público pela fluidez linguística e pela simplicidade de uso. Disponibilizado como “research preview”, sem cobrança inicial, e baseado no GPT-3.5, ele catalisou um uso viral em redações escolares, programação básica e tarefas criativas. Muitos usuários descreviam a experiência como quase “mágica”, enquanto professores, jornalistas e programadores testavam seus limites no dia a dia.
Essa viralidade veio com preocupações legítimas. Havia medo de substituição de profissões e de disseminação de informações incorretas. O próprio enquadramento inicial do sistema reconhecia limitações: conhecimento restrito até 2021, tendência a “alucinações” e ausência de checagem factual. Em termos de fatos e mitos, cabia destacar: “Fato: a IA gera textos coerentes, mas erra em conteúdo factual. Mito: substituiria buscadores e empregos em curto prazo. Equívoco: subestimar a importância da formulação do prompt como determinante da qualidade da resposta”.
A engenharia de prompts, então incipiente, funcionou como um divisor de águas na percepção do que o modelo podia fazer. Prompts curtos e vagos geravam resultados pobres e reforçavam críticas; por outro lado, instruções claras e contextuais melhoravam substancialmente a utilidade. Exemplo: em vez de “Escreva sobre a Segunda Guerra Mundial”, um prompt mais eficaz seria “Atue como professor de história do ensino médio e escreva um resumo em três parágrafos sobre as causas imediatas da Segunda Guerra Mundial, citando, ao final, três fontes confiáveis para leitura adicional”.
GPT-5 (2025): Da viralidade à infraestrutura
O GPT-5 estreou como um novo “modelo unificado” no ecossistema OpenAI, sucedendo o GPT-4o. Em benchmarks internos, reportou-se estimativa de 80% de redução de alucinações, além de “raciocínio sob demanda” (auto-reasoning seletivo em tarefas complexas), maior velocidade e eficiência de custo computacional. Outro marco foi a integração direta ao Microsoft Copilot (M365, Azure, GitHub), consolidando o modelo como parte de rotinas de trabalho.
Usuários avançados relataram ganhos em planejamento de tarefas e maior eficiência em agentes autônomos, sinalizando que o salto de qualidade foi especialmente perceptível em cenários estruturados. Ainda assim, surgiram críticas ao “tom frio”, com relatos de menor empatia e criatividade percebida em comparação ao GPT-4o. A reação levou a OpenAI a permitir reversão temporária ao modelo anterior, enquanto ajustes de persona e estilo foram recomendados para modular a experiência.
Importa distinguir expectativas de fatos técnicos: “Fato: o GPT-5 reduz erros e melhora o raciocínio estruturado. Mito: as alucinações acabaram; na prática, apenas diminuíram. Equívoco: achar que a engenharia de prompts se tornou irrelevante; ela segue essencial para modular profundidade, tom e formato”. Exemplos de prompts úteis incluem: “Atue como product owner e proponha um plano de iterações quinzenais para lançar um MVP em 8 semanas, em formato de tabela”; ou “Explique em linguagem simples e tom empático as diferenças entre classificação e regressão, em até 200 palavras”.
Comparação estrutural entre ChatGPT (2022) e GPT-5 (2025)
A natureza dos lançamentos ajuda a explicar a diferença de recepção. O ChatGPT foi um preview experimental, gratuito e viral; o GPT-5, um produto consolidado, integrado a ecossistemas corporativos. Na recepção pública, houve um deslocamento do espanto coletivo e do medo de plágio e desemprego para uma avaliação pragmática, que combinou elogio técnico e críticas ao tom impessoal. Na narrativa midiática, a pauta também migrou: de “disrupção” e “alucinações” para incrementos de custo/eficiência, experiência do usuário e personas.
Comparando fatos e mitos nos dois momentos, algo permanece: a IA gera saídas fluentes, mas não “entende o mundo”. Com o GPT-5, há redução mensurável de erros e um raciocínio mais robusto, porém longe de “alucinação zero”. Assim, afirmar que buscadores e empregos seriam substituídos de imediato, ou que a engenharia de prompts teria chegado ao fim, configurou-se mito em 2022 e permaneceu mito em 2025, apenas com contornos diferentes graças aos ganhos em confiabilidade.
Um exemplo ilustrativo: em 2022, pedir “Liste os principais marcos da física quântica” frequentemente gerava respostas confiantes, porém por vezes imprecisas ou sem referências. Em 2025, a mesma solicitação tende a vir mais estruturada e com menor taxa de erro; ainda assim, a instrução “Cite fontes e sinalize incertezas; se não tiver certeza, diga explicitamente” continua melhorando a qualidade. O ganho do modelo é real, mas a responsabilidade de orientar, validar e aplicar as respostas também é contínua.
O papel contínuo da Engenharia de Prompts
De 2022 a 2025, a engenharia de prompts evoluiu de prática incipiente para componente essencial da alfabetização digital. Em 2022, jornalistas e usuários avançados raramente explicitavam a necessidade de detalhar contexto e papel; prompts curtos e vagos geravam resultados aquém do esperado. Em 2025, a habilidade de formular instruções claras, com intenção explícita e critérios de saída, tornou-se diferencial para ganhar precisão, controle e relevância.
Entre as estratégias avançadas, destacam-se o chain of thought induzido manualmente, a contextualização por persona e o controle de saída. Exemplos práticos: “Raciocine passo a passo e apresente o raciocínio antes da resposta final, validando cada etapa com uma checagem simples”; “Atue como advogado trabalhista brasileiro e redija um parecer de uma página em linguagem acessível”; “Responda em formato de tópicos curtos, com limite de 120 palavras e tom cordial, evitando jargões”. Cada instrução responde a uma alavanca específica: mais transparência, adequação de papel e estilo/formato.
Mesmo com o GPT-5, a qualidade das respostas depende da intenção e da clareza do prompt. Em cenários operacionais, convém explicitar objetivos, restrições, público-alvo e critérios de qualidade, além de pedir ressalvas quando houver incerteza. Um prompt robusto poderia dizer: “Você é um analista de dados sênior. Explique riscos e limitações desta análise para um gestor não técnico, em até três parágrafos, e indique o que precisaria ser verificado em dados adicionais antes da tomada de decisão”. O modelo ficou melhor; a boa pergunta continua indispensável.
Conclusão: Normalização da IA e a importância da aplicação sustentável
O ChatGPT representou um ponto de inflexão cultural: tornou visível, para milhões de pessoas, a potência e os limites da IA generativa. O GPT-5 simboliza a normalização dessa tecnologia como infraestrutura, com ênfase em confiabilidade, eficiência e integração a ferramentas de trabalho. A pergunta central que movia 2022 — “o que é isso?” — deu lugar, em 2025, à questão mais madura: “como usar bem e de forma sustentável?”.
Essa maturidade aparece na recepção pública e na cobertura midiática, que saíram do maravilhamento e do temor generalizado para uma avaliação mais crítica de custos, benefícios e experiência do usuário. A crítica ao “tom frio” do GPT-5 convive com o reconhecimento de melhorias em raciocínio e redução de alucinações. Paralelamente, a engenharia de prompts consolidou-se como competência-chave para extrair valor prático, modular estilo e explicitar limites.
Olhando adiante, a tendência é de crescente integração da IA em setores variados, com foco em eficiência e confiabilidade. Isso amplia a relevância de práticas responsáveis: avaliação de impacto, transparência sobre incertezas, governança de dados e formação contínua em engenharia de prompts. Usar bem, com objetivos claros e critérios de qualidade, é o caminho para transformar a normalização da IA generativa em resultados sustentáveis para pessoas, equipes e organizações.
Referências
Fonte: OpenAI. “Introducing GPT-5”. Disponível em: https://openai.com/pt-PT/index/introducing-gpt-5/ — Acesso em: hoje.
Fonte: Maximiza. “GPT-5 chega ao Microsoft 365 Copilot e eleva a experiência de IA no trabalho”. Disponível em: https://www.maximizasoftware.com.br/blog/gpt-5-copilot/ — Acesso em: hoje.
Fonte: Olhar Digital. “GPT-5 no Copilot: ‘cérebro’ do ChatGPT deixa IA da Microsoft mais inteligente”. Disponível em: https://olhardigital.com.br/2025/08/07/internet-e-redes-sociais/microsoft-vai-oferecer-acesso-ao-gpt-5-no-copilot/ — Acesso em: hoje.
Fonte: Tech & Learning. “GPT-5 Has Launched: Here’s Everything Teachers Need To Know”. Disponível em: https://www.techlearning.com/news/gpt-5-has-launched-heres-everything-teachers-need-to-know — Acesso em: hoje.
Fonte: El País. “Por qué el lanzamiento de ChatGPT-5 tiene pinta de fiasco”. Disponível em: https://elpais.com/tecnologia/2025-08-22/por-que-el-lanzamiento-de-chatgpt-5-tiene-pinta-de-fiasco.html — Acesso em: hoje.
Fonte: Windows Central. “Sam Altman admits OpenAI ‘screwed up’ GPT-5’s launch but shares a bold vision for the future”. Disponível em: https://www.windowscentral.com/artificial-intelligence/openai-chatgpt/sam-altman-admits-openai-screwed-up-gpt-5-launch-potential-google-chrome-buyout — Acesso em: hoje.
Fonte: Tom’s Guide. “7 powerful GPT-5 prompts that will instantly upgrade your experience”. Disponível em: https://www.tomsguide.com/ai/7-gpt-5-prompts-that-finally-made-the-new-model-click-for-me — Acesso em: hoje.
Fonte: Tom’s Guide. “I put ChatGPT-5’s creative writing features to the test with 5 challenging prompts – here’s the results”. Disponível em: https://www.tomsguide.com/ai/i-put-chatgpt-5s-creative-writing-features-to-the-test-with-5-challenging-prompts-heres-the-results — Acesso em: hoje.
Fonte: Tom’s Guide. “OpenAI just made GPT-5 ‘warmer and friendlier’ with a big personality update – and there’s already a backlash”. Disponível em: https://www.tomsguide.com/ai/chatgpt/gpt-5-just-got-made-warmer-and-friendlier-with-a-big-personality-update-heres-why — Acesso em: hoje.
Fonte: arXiv. “A Prompt Pattern Catalog to Enhance Prompt Engineering with ChatGPT”. Disponível em: https://arxiv.org/abs/2302.11382 — Acesso em: hoje.
Fonte: arXiv. “A Complete Survey on Generative AI (AIGC): Is ChatGPT from GPT-4 to GPT-5 All You Need?” Disponível em: https://arxiv.org/abs/2303.11717 — Acesso em: hoje.
Fonte: arXiv. “ChatGPT is not all you need. A State of the Art Review of large Generative AI models”. Disponível em: https://arxiv.org/abs/2301.04655 — Acesso em: hoje.
Fonte: Wikipedia. “Engenharia de prompts”. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia_de_prompts — Acesso em: hoje.
Fonte: Wikipedia. “GPT-5”. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/GPT-5 — Acesso em: hoje.