Dicas simples para enfrentar a redução de receitas no seu escritório de contabilidade em tempos de Coronavírus.

Dicas simples para enfrentar a redução de receitas no seu escritório de contabilidade em tempos de Coronavírus.

por Roberto Dias Duarte

Muitos contadores já estão sofrendo pressão para redução de honorários. É o seu caso? O que fazer? Dar desconto?

Começo com uma frase do nosso saudoso professor:

“A antiga função do simples registro foi sendo substituída pela da orientação sobre as coisas registradas, ou seja, a de oferecer opiniões de como estão caminhando os negócios e a gestão deles…. O papel de apenas informante de saldos ou de zelador de assuntos fiscais, vem sendo cada vez mais superado, pois, se substitui pela tecnologia avançada da informática.” Antonio Lopes de Sá

Chegou a hora de aplicar a real função da ciência da riqueza. Vou listar pontos de atenção relevantes e práticos para este momento:

  1. Agende uma reunião com todos os seus clientes. Use o Skype, Zoom, ou qual quer outra ferramenta de video confêrencia.
  2. Prepare-se bem para a reunião. Analise os dados contábeis, financeiros, tributários e trabalhistas de cada empresa.
  3. Explique, em linguagem simples, a situação: mostre para ele quais produtos/serviços vendem mais, os que vendem menos, os que não vendem, qual o valor do estoque. O que pode ser feito para reduzir custos e gerar caixa.
  4. Converse também sobre as novas possibilidades da legislação trabalhista e tributária.
  5. O mais importante é conversar com um por um dos clientes. Eles precisam entender que você está realmente preocupado em ajudá-lo.
  6. A hora agora é de ser consultivo de verdade, na prática mesmo, e apontar soluções além do mundo financeira/tributária/trabalhista.
  7. Pense junto com eles em alternativas para adaptação do modelo de negócios das empresas à esta nova realidade. Avalie, por exemplo, a possibilidade de realizar vendas por Instagram, Whatsapp, Aplicativos, Mercado Livre, etc. As pessoas ainda precisam comprar as coisas, só não podem ir até as lojas. Não se esqueça disto. Há pessoas que  querem fazer exercícios físicos, aulas de inglês, violão. As crianças precisam estudar. Ajude seus clientes a encontrar alternativas de receita utilizando a tecnologia.
  8. Coloque seu escritório 100% na nuvem. Quando mais você demorar para fazer isso, mais você sofrerá. Sua equipe, cedo ou tarde terá que trabalhar de casa. 
  9. Coloque sistemas (controles financeiro – contas a pagar/receber/faturamento, estoque, vendas) na nuvem para seus clientes. Se a equipe adminstrativa dele tiver que trabalhar de casa, não há outro caminho. Se você tiver que processar o financeiro/contábil/faturamento para ele, também não haverá outra solução.
  10. Precisamos nos adatar a este novo mundo. Eu não creio que as empresas voltarão a ser que eram antes. E muitos não conseguirão se adaptar mesmo.
  11. Finalmente entendemos que não faz sentido algum milhões dos trabalhadores atravessarem a cidade em carros, metros  e ônibus lotados e ficarem horas no trânsito para chegarem ao escritório e começarem a enviar emails ou operar sistemas. Isso é improdutivo para as empresas, encarece os produtos. Destrói o planeta. Distancia as famílias. 
  12. Dar desconto imediatamente, sem essa conversa não resolve. O desconto dado hoje sem conversar, será pedido novamente amanhã.
  13. Vocês podem até renegociar valores. Talvez essa situação seja mesmo inevitável. Mas só reduza preços depois desta conversa

 NUNCA DIGA SEU PREÇO ANTES DE MOSTRAR SEU VALOR.

Nem Nota Fiscal Eletrônica, o SPED, nem os sistemas em nuvem foram suficientes para movimentar as pessoas no sentido da transformação digital. Quem diria que um vírus iria impulsionar toda a sociedade neste sentido e nos tirar da zona de conforto? Agora temos que encarar de frente o colapso dos sistemas de transporte, saúde, educação e toda a cadeia produtiva. Sairemos do velho “jeito” da era industrial para a sociedade da informação. Ressalto: não foi pelo amor, mas pela dor.

Quando a crise passar, teremos empresas muito diferentes do que são hoje. A trasformação digital do mundo, para a maior parte das empresas, não ocorreu pelo amor. Mas está ocorrendo pela dor. Telemedicina, homeschooling, contabilidade digital, educação à distância, teletrabalho. Nada disto ocorreu com a velocidade que muitos esperavam porque o ser humano adora a zona de conforto. Os marcos legais estão sendo revistos. Não há espaço no mundo pós CODVID19 para legislações criadas para empresas da era industrial.

Também não há espaço no mundo pós Cornonavirus para líderes do século XX. Para trabalharmos em nossas casas, precisamos de empresas e líderes humanizados. Bem como de profissionais com autonomia, maestria e propósito. Pessoas que têm consciência que são agentes do próprio destino. Que não dependem de forças sobrenaturais, governo, patrão, pai, mãe ou professor para realizar um bom trabalho. Isto é autonomia. Maestria é a vontade de fazer bem feito, mesmo quando não há ninguém observando. E propósito é o desejo de fazer parte de algo maior.

Impossível ter uma empresa funcionando com eficência sem profissionais que tenham estas qualidades: autonomia, maestria e propósito. A missão dos líderes é justamente selecionar e desenvolver pessoas com estas caracterísiticas… e fornecer-lhes o sentido de propósito! Aliás, o sentido de propósito orienta todo o ecossistema de sua empresa: acionistas, líderes, colaboradores, clientes e fornecedores. Isto cria um ambiente sólido, capaz de superar qualquer desafio, qualquer crise.

Por fim, lembre-se do ditado português: ”Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”

Força, trabalho e fé!