Diferenças dos escritórios de contabilidade portugueses e brasileiros

Um oceano de distância separa Brasil e Portugal, porém, as práticas dos escritórios de contabilidade portugueses e brasileiros podem diminuir esse abismo. Ainda que existem muitas diferenças nos processos e até na validação da formação do profissional, é possível compreender os motivos para isso e se adaptar à realidade do outro.

Afinal, as práticas contábeis mudam muito de acordo com o local no qual elas são realizadas, entenderemos o motivo mais adiante. Por outro lado, diversas ações ajudam a diminuir os abismos para melhorar a interação entre as empresas dos dois países em questão.

Continue a leitura e entenda melhor sobre as diferenças dos escritórios de contabilidade de Portugal e do Brasil!

Por que existem diferenças dos escritórios de contabilidade portugueses e brasileiros?

Primeiramente, você pode se questionar sobre o fato de termos diferenças em torno do trabalho na contabilidade considerando dois países. O fato é que a contabilidade é resultado da área de estudo que envolve o social também, portanto, acaba sofrendo alterações de acordo com a cultura do ambiente que opera, bem como a legislação da nacionalidade.

Também no dia a dia, há práticas que sofrem influência do nível de desenvolvimento que o país está. Por isso que normas e princípios dentro da contabilidade podem mudar de acordo com a nação. Toda a história, cultura, política, valores e outros campos podem impactar nas práticas contábeis.

O problema é que isso resulta em uma imensa dificuldade em fazer comparações nas informações contábeis de empresas de diferentes países. Além disso, empresas de contabilidade que operam em conjunto com uma organização de outro país, ou mesmo um contador que se muda para o exterior, precisam se adaptar.

As legislações tributária, trabalhista, societária e previdenciária são diferentes, entre os países – claro! Só isto seria suficiente para descrever, do ponto de vista técnico, inúmeras diferenças operacionais.

Por outro lado, há diversos pontos similares, que abordaremos em conteúdos  específicos, como por exemplo:

  • Em ambos países os escritórios terceirizam processos contábeis, tributários, trabalhistas e paralegais;
  • Escritórios atendem, em geral, pequenas e médias empresas;
  • Profissionais da contabilidade de Portugal e Brasil têm dificuldade em obter a documentação de seus clientes;
  • A rotina dos escritórios é orientada às obrigações legais;
  • Poucas empresas utilizam a contabilidade como instrumento para tomada de decisão;
  • Empresários do setor contábil, em geral, têm dificuldades em operacionalizar ações fora do seu core business, como: marketing, comunicação, gestão de colaboradores.

O diploma dos contadores brasileiros precisa de validação nos escritórios de contabilidade portugueses

Por mais estranho que isso possa parecer, precisamos lembrar que a cultura diferencia as práticas dentro da área da contabilidade. Portanto, um contador do Brasil teria dificuldades ao lidar com os processos em escritórios de Portugal.

Com isso, se um profissional da contabilidade chega aos territórios portugueses precisa que seu diploma passe por um processo de validação. Infelizmente pode ser um período demorado e um tanto quanto burocrático, feito diretamente com a instituição que se relaciona com a atividade profissional.

O resultado é que, se você envia um colaborador da sua empresa para tal país, deve esperar que ele passe por esse processo antes de exercer a profissão. Será, portanto, um Contabilista Certificado (CC) e representado pela Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC).

A evolução das práticas contábeis e a tecnologia

É fato que a automação fez com que as empresas caminhassem em um ritmo muito mais acelerado de inovação e evolução. Porém, cada país passa por uma realidade diferente.

No caso de Portugal, a implantação de tecnologias tributárias é mais recente que no Brasil.

SAFT

As  empresas portuguesas que realizam transações comerciais são obrigada a comunicar a sua faturação mensal à Autoridade Tributária.  Na versão portuguesa, o SAFT-PT (Standard Audit File for Tax Purposes – Portugal Version) é um arquivo   XML e tem como objetivo reunir toda a informação fiscal e contábil de determinado período de tempo. Há dois modelos de SAFT: o da contabilidade e o da faturação (termo usado em Portugal para faturamento). A implantação do SAFT começou em 2008.

e-Fatura

e-Fatura é um sistema eletrônico de emissão de faturas e sua comunicação ao Fisco entrou em vigor em  janeiro de 2013 com o objetivo de “estimular o cumprimento da obrigação de emissão de faturas em todas as operações econômica”.

No Brasil o processo de transformação digital das autoridades tributárias, bem como de sua relação com os contribuintes, iniciou-se em meados dos anos 1990.

SINTEGRA

O Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços (SINTEGRA) é um sistema criado para facilitar o fornecimento de informações dos contribuintes aos fiscos estaduais e aprimorar o fluxo de dados nas administrações tributárias. Ele coleta informações dos contribuintes e realiza a sua comunicação para os fiscos de cada estado.

O Projeto Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) foi desenvolvido, de forma integrada, pelas Secretarias de Fazenda dos Estados e Receita Federal do Brasil, a partir da assinatura do Protocolo ENAT 03/2005, de 27/08/2005, que atribuiu ao Encontro Nacional de Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (ENCAT) a coordenação e a responsabilidade pelo desenvolvimento e implantação do Projeto NF-e.

Nota Fiscal Eletrônica

O Projeto Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) foi desenvolvido no Brasil, de forma integrada, pelas Secretarias de Fazenda dos Estados e Receita Federal do Brasil, a partir de 2005. Hoje há cerca de 2 milhões de contribuintes emissores de NF-e.

SPED

Instituído pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped)   consiste na automação da sistemática   do cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscalizadores. 

Há diversos subprojetos do SPED, sendo que a própria NF-e incorporada a este projeto: CT-e, ECD, ECF, EFD ICMS IPI, EFD Contribuições, EFD-Reinf, e-Financeira, eSocial, NF-e, NFS-e, MDF-e.
NFC-e

Alguns números são impressionantes. Em 2020, por exemplo, tivemos 1.214.753 Escriturações Contábeis Digitais (ECD) entregues e 14.809.333  Escriturações Fiscais Digitais (EFD ICMS/IPI).

O mercado da contabilidade nos dois países

Há espaço, nos dois países, para crescimento tanto de contadores enquanto profissionais, como para empresas do ramo da contabilidade. De maneira geral, há um vasto mercado de empreendedores e empresários que precisam desse auxílio.

Os serviços contábeis são uma demanda de todas as empresas, não importa o seu porte ou mercado de atuação, assim, mantemos a demanda por profissionais da área. O que muda, tanto para portugueses, quanto para os brasileiros, é a visão do papel do profissional, que ganhou hoje um destaque mais estratégico pela ajuda da tecnologia nas atividades diárias.

Dessa forma, os menores escritórios tiveram receita média em junho de R$ 45,8 mil e os maiores, de R$ 413 mil, segundo o Mapa do Empreendedorismo na Contabilidade.

Em contraponto, empresas contábeis de 1 a 3 funcionários faturam 59.060€, enquanto aquelas com até 9 colaboradores geram 165.870€ anualmente, de acordo com Retrato dos Escritórios de Contabilidade em Portugal.

O perfil dos clientes portugueses e brasileiros

Considerando o mercado da contabilidade nos dois países podemos ver que o perfil de clientes é muito parecido, visto que predominam empresas de pequeno e médio porte. São empresários e empreendedores que precisam de auxílio na contabilidade da empresa para lidar com todos os trâmites burocráticos.

Criando um relacionamento que colabora para evitar problemas, como multas por dificuldade em lidar com os impostos, por exemplo. Para além desse contexto, a atuação estratégica dos contadores tem maior espaço atualmente, visto que as práticas manuais são realizadas por sistemas de automação.

Então, as empresas com maior infraestrutura em softwares, por exemplo, passam a prestar um serviço de mais diferenciado e com maior interação direta com o cliente.

Essas são as diferenças básicas dos escritórios de contabilidade portugueses e brasileiros, que caminham desde a formação profissional até a dinâmica dos padrões das práticas contábeis. Se a sua empresa passa a interagir com uma empresa portuguesa do ramo, é importante estar aberto a essas diferenças.

Afinal, como vimos antes, as divergências possuem muitos motivos, seja a própria cultura do ambiente, como também a infraestrutura por conta do tamanho do país. Tudo isso impacta na perspectiva que profissionais, empresas, órgãos e instituições encaram as ciências contábeis.

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