Escritórios menores resistem ao assédio estrangeiro

"A internacionalização, com a compra de empresas menores por companhias maiores, é uma tendência para o futuro", considera Márcio Massao Shimomoto, sócio-diretor da King Contabilidade.

por Gilmara Santos

"A internacionalização, com a compra de empresas menores por companhias maiores, é uma tendência para o futuro", considera Márcio Massao Shimomoto, sócio-diretor da King Contabilidade.
“A internacionalização, com a compra de empresas menores por companhias maiores, é uma tendência para o futuro”, considera Márcio Massao Shimomoto, sócio-diretor da King Contabilidade.

O mercado brasileiro de contabilidade registra, atualmente, cerca de 508,5 mil profissionais de contabilidade, entre contadores e técnicos em contabilidade, e 45,3 mil escritórios contábeis. A maioria desses profissionais ou trabalha sozinhos ou em pequenas sociedades. E tendem a ser esses pequenos escritórios o alvo das grandes firmas estrangeiras. Alguns desses escritórios já foram assediados pelas gigantes internacionais. Para resistir a esse assédio, empresas de contabilidade de porte menor estão adquirindo concorrentes ou até mesmo fazendo junção de serviços e assim conseguem se manter no mercado, que está cada vez mais competitivo.

“A internacionalização, com a compra de empresas menores por companhias maiores, é uma tendência para o futuro”, considera Márcio Massao Shimomoto, sócio-diretor da King Contabilidade.

De acordo com ele, escritórios muito pequenos podem ter dificuldades em atender a todas as exigências do Fisco e ao emaranhado de legislações. Por isso, pode ocorrer a tendência de junção de empresas contábeis menores para fazer o trabalho conjunto e prestar um serviço melhor aos seus clientes.

E resistir ao assédio das empresas estrangeiras não é tarefa fácil, conforme afirma o diretor da JJA Assessoria Fisco Contábil, Aédi Cordeiro. “O primeiro passo para resistir a esse namoro é acreditar no segmento em que está atuando”, considera Cordeiro. Além disso, ele usa a estratégia de aquisição de escritórios menores. Foram comprados dois escritórios menores e ele não descarta novas aquisições. “Hoje não precisamos ampliar nossa base, já temos uma boa área de atuação, mas não descartamos bons negócios”, afirma.

Com as aquisições, a JJA apresentou expansão de 200% nos últimos cinco anos. “O mercado está retraído por conta de toda a situação econômica do país, mesmo assim nossa carteira de clientes teve um incremento de 7,5% entre janeiro e setembro deste ano”, revela Cordeiro.

Para ele, em um país em crise, o papel dos contadores torna-se ainda mais decisivo para as empresas, já que se trata de uma ferramenta de gestão. “A vida da empresa está nas mãos da contabilidade.”

Outra empresa contábil que tem apostado na aquisição de empresas menores é a Crowe Horwath. “Temos feito aquisição com empresas que complementem as nossas atividades”, diz Juliana Brito, sócia da Crowe Horwath, ao comentar que o mercado está em franco crescimento, em função das normas internacionais vigentes há alguns anos, em função da melhoria significativa dos níveis técnicos dos profissionais de contabilidade e da preocupação das empresas em ter suas informações corretas.

“A contabilidade no Brasil vem evoluindo em grande escala. Cada vez mais a visão de contadores ‘guarda-livros’ está sendo deixada para trás. Hoje, os contadores são mais atuantes nas empresas e as informações geradas são utilizadas nas visões gerenciais e tomada de decisões.”

A especialista comenta ainda que a “complexidade das informações e o preparo das empresas para atendimento às exigências têm impactado diretamente no trabalho dos contadores. Cada vez mais os contadores devem estar atentos aos comitês de pronunciamentos contábeis e às alterações de legislação para não serem questionados”.

Já a Direto Contabilidade, Gestão e Consultoria fez aquisições e busca outras oportunidades para conquistar mais mercado. “É um mercado promissor e que passa por um processo de consolidação, que somente os escritórios mais bem preparados, estruturados e atualizados com as novas normas e totalmente adaptados às novas tecnologias sobreviverão. E um outro ponto importante é o de agregar novos serviços, como o que estamos fazendo na Direto”, enfatiza o diretor-executivo da empresa, Silvinei Toffanin. De olho em novo nicho de mercado, a Direto investiu R$ 300 mil para, entre outras ações, incrementar o braço de consultoria da empresa.

Fonte: DCI/SP