Índice
“APIs abertas e plataformas flexíveis são a chave: sem elas, seu software contábil pode se tornar o próximo BlackBerry. Inove ou pereça!”
Roberto Dias Duarte
Introdução
Imagine-se na linha do tempo da inovação tecnológica, no exato momento antes do iPhone redefinir não apenas a telefonia móvel, mas toda a interação digital como conhecíamos. Este é o “momento iPhone” para a contabilidade, impulsionado pela inteligência artificial gerativa (IA Gerativa), e você está na frente dessa revolução. Para contadores e desenvolvedores de software, a oportunidade de liderar ou o risco de serem deixados para trás nunca foi tão iminente.
A IA Gerativa não é apenas uma ferramenta emergente, é uma onda transformadora que redefine padrões, otimiza processos e abre novos territórios de negócios e inovação. Neste exato momento, você tem a chance de decidir: vai mergulhar de cabeça e aproveitar as infinitas possibilidades de personalização e eficiência que a IA oferece, ou vai assistir passivamente enquanto seus concorrentes tomam a dianteira?
Este artigo é um convite e um guia fundamental para navegar na nova era da contabilidade. Baseado na influente publicação “Five Myths About Generative AI That Leaders Should Know”, publicado pela Wharton School, uma das instituições mais prestigiadas do mundo em educação de negócios, ele se propõe a esclarecer mitos comuns e apresentar uma visão equilibrada sobre como a IA Gerativa está redefinindo o futuro da profissão contábil. Ao explorar esses conceitos, vamos desvendar cada mito e discutir sua relevância para os contabilistas, com o objetivo de alertar e preparar os profissionais para as transformações iminentes. Para os contadores, é a chance de se tornarem pioneiros, utilizando IA para criar soluções sob medida que não só simplificam como ampliam suas capacidades analíticas. Para os fornecedores de software, é o chamado para desenvolver plataformas que suportem a inovação contínua e ofereçam as ferramentas que os contadores precisam para triunfar. Abraçar este momento é essencial para garantir que você não apenas sobreviva, mas prospere na vanguarda da transformação tecnológica na contabilidade. Não deixe este momento definidor passar; leia mais para entender como posicionar-se na vanguarda desta revolução.
Mito #1: IA Gerativa é Gratuita ou de Baixo Custo
A crença de que as ferramentas de IA Gerativa são acessíveis a todos é um dos mitos mais difundidos e perigosos. Na realidade, o desenvolvimento e a implementação de uma solução de IA personalizada podem ser extremamente caros. Os custos incluem não apenas a criação do modelo, mas também a manutenção e a atualização contínuas. Como o artigo destaca, “Desenvolver seu próprio modelo gen AI proprietário pode permitir que você atenda mais precisamente às necessidades de sua empresa e se alinhe com seus processos e fluxos de trabalho, mas essa solução é proibitiva em termos de custos para a maioria das organizações”.
Além disso, a adoção de soluções de terceiros, que pode parecer uma alternativa mais econômica, também exige investimentos significativos. Taxas de subscrição e custos ocultos para a integração em sistemas existentes podem acumular despesas rapidamente. Este investimento inicial e contínuo em tecnologia de IA deve ser cuidadosamente considerado pelos escritórios de contabilidade que buscam inovação sem comprometer a sustentabilidade financeira.
Finalmente, a decisão de investir em IA Gerativa deve ser acompanhada de uma análise crítica sobre o retorno esperado sobre esse investimento. Conforme profissionais de contabilidade ponderam sobre a introdução da IA em suas operações, é crucial entender que as ferramentas de IA mais avançadas e eficazes não são apenas um custo, mas um investimento em longo prazo que necessita de planejamento estratégico e financeiro adequado.
Mito #2: IA Sempre Melhora o Desempenho Humano
É comum pensar que a introdução da IA gerativa nos processos contábeis resultará automaticamente em um aumento de eficiência e precisão. No entanto, como revela o estudo mencionado no artigo, “Consultores que usaram GPT-4 para inovação de produtos criativos experimentaram um aumento de 40% no desempenho, enquanto aqueles que o usaram para resolver problemas de negócios tiveram uma diminuição de 23% no desempenho comparado ao grupo controle, com trabalhadores menos experientes apresentando resultados ainda piores.” Isso ilustra que a eficácia da IA pode variar significativamente dependendo do contexto e da aplicação.
O sucesso no uso de IA em contabilidade depende não apenas da tecnologia em si, mas também de como ela é implementada e gerenciada. A capacitação de funcionários para trabalhar com IA é crucial. O desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico, julgamento e detecção de viés são fundamentais para a gestão eficaz dos resultados gerados por IA. Conforme o artigo aponta, treinar os funcionários nestas habilidades essenciais é um passo crítico para maximizar os benefícios da IA.
Além disso, a integração da IA nos processos de trabalho deve ser feita de maneira que complemente e amplie as habilidades humanas, e não simplesmente as substitua. A IA deve ser vista como uma ferramenta que auxilia os contadores na realização de suas tarefas, proporcionando insights e análises que talvez não sejam facilmente alcançados através de métodos tradicionais. Portanto, é essencial que os escritórios de contabilidade mantenham uma abordagem equilibrada e crítica ao implementar soluções de IA, assegurando que a tecnologia seja usada de forma a realmente aprimorar o desempenho humano, e não assumir erroneamente que qualquer introdução de IA resultará em melhorias.
Enfim, estudo citado no artigo “Five Myths About Generative AI That Leaders Should Know”, detalha 3 pontos importantes:
1. GPT-4 em Inovação de Produtos Criativos
O estudo destacado observou que consultores que utilizaram o GPT-4 para inovação de produtos criativos tiveram um aumento de desempenho notável de 40%. Este sucesso pode ser atribuído à capacidade do GPT-4 de gerar ideias inovadoras e diversas, que podem ser cruciais durante as fases iniciais do desenvolvimento de produtos. A IA gerativa, como o GPT-4, é particularmente adequada para tarefas que requerem criatividade e geração de novos conceitos, pois pode combinar vastos dados de maneira única e eficaz, oferecendo uma variedade de perspectivas que podem ser refinadas e implementadas por equipes de desenvolvimento de produtos.
2. GPT-4 em Solução de Problemas de Negócios
Em contraste, o mesmo estudo indicou que o uso do GPT-4 em tarefas de solução de problemas de negócios resultou em uma diminuição de desempenho de 23% em relação ao grupo de controle, com trabalhadores menos experientes apresentando desempenhos ainda piores. Esta redução pode ser explicada por várias razões. Primeiramente, a solução de problemas de negócios frequentemente requer um entendimento profundo do contexto específico da empresa e uma capacidade de julgamento e análise crítica que a IA, no seu estado atual, não pode replicar completamente. Além disso, a dependência excessiva na IA pode levar à falta de análise crítica das recomendações geradas pela máquina, especialmente por profissionais menos experientes que podem não questionar ou avaliar adequadamente a validade e aplicabilidade dessas sugestões.
3. Implicações para o Uso do GPT-4
Esses resultados destacam a importância de um entendimento claro dos pontos fortes e limitações das capacidades da IA gerativa. É crucial que as organizações treinem seus funcionários para utilizar estas ferramentas efetivamente, capacitando-os com habilidades de pensamento crítico e julgamento que são necessárias para avaliar e implementar as saídas da IA de maneira que maximizem os benefícios e minimizem os riscos. Além disso, a escolha de casos de uso adequados para a aplicação de IA gerativa é fundamental para garantir que as tecnologias sejam aplicadas de forma a aproveitar suas capacidades únicas sem esperar que elas substituam a necessidade de insights humanos profundos e contextualizados.
Mito #3: Construir o Modelo de IA é a Parte Mais Difícil
Muitos podem supor que o maior desafio ao implementar a IA gerativa em ambientes contábeis seja o desenvolvimento técnico dos modelos. No entanto, conforme destacado no artigo, “Customizar modelos pré-treinados — como ChatGPT, Gemini, Claude ou Llama — para casos de uso específicos da empresa requer esforços significativos, utilizando técnicas como fine-tuning ou Geração Aumentada por Recuperação (RAG).” Isso indica que a adaptação e o ajuste fino de modelos de IA para necessidades específicas podem ser tão desafiadores quanto a criação inicial.
Além da personalização técnica, a integração efetiva desses modelos em operações contábeis diárias apresenta uma série de desafios operacionais e estratégicos. A implementação de salvaguardas de privacidade e segurança, e a adequação dos fluxos de trabalho existentes para incorporar novas tecnologias são tarefas que demandam tempo e recursos substanciais. A proteção de dados é especialmente crítica em contabilidade devido à sensibilidade das informações financeiras manipuladas.
Por fim, a verdadeira complexidade muitas vezes reside em mudar a cultura organizacional e garantir que a equipe esteja preparada e receptiva à adoção de novas soluções de IA. Como o artigo ressalta, “tanto quanto 50% do esforço em implantar novos modelos de IA vai além da implementação técnica — envolve transformar a maneira como as pessoas trabalham.” Portanto, para os escritórios de contabilidade, o desafio é não apenas técnico, mas também humano e organizacional.
Mito #4: Pode-se Esperar para Ver Como a IA Evolui
O quarto mito trata da tentação de adotar uma postura passiva em relação às inovações tecnológicas, esperando para ver como as tecnologias de IA gerativa se desenvolvem antes de decidir integrá-las. No entanto, a história mostrou que tal abordagem pode ser arriscada. Como mencionado no artigo, “a potencial explosão de crescimento da IA gerativa sugere que ela poderia ser o próximo ‘momento iPhone', alterando fundamentalmente as expectativas dos clientes e como as empresas entregam valor no futuro.” Este paralelo destaca a importância de ser proativo em vez de reativo diante das mudanças tecnológicas.
A postura de esperar pode fazer com que os escritórios de contabilidade percam oportunidades significativas e se encontrem em desvantagem competitiva. As tecnologias que são disruptivas geralmente evoluem mais rápido do que muitos esperam, e as empresas que não acompanham podem rapidamente se tornar obsoletas. A adoção precoce de tecnologias inovadoras pode proporcionar vantagens significativas, como melhorar a eficiência operacional e a satisfação do cliente.
Além disso, como líderes de pensamento na contabilidade, é crucial entender que investir em IA não é apenas uma questão de manter a competitividade, mas também de redefinir e enriquecer a prestação de serviços. Conforme o artigo aponta, “a questão crítica não deveria ser se podemos nos dar ao luxo de investir na busca de novas oportunidades de IA gerativa, mas sim se podemos nos dar ao luxo de não fazê-lo.”
Mito #5: Investir em IA Garante Vantagem Competitiva
O quinto e último mito sugere que simplesmente investir em IA gerativa automaticamente proporcionará uma vantagem competitiva sustentável. O artigo esclarece que, “à medida que as organizações adotam a IA gerativa para melhorar suas operações e obter uma vantagem competitiva, elas frequentemente desfrutam de benefícios iniciais ao serem pioneiras e implementarem estratégias inovadoras.” No entanto, assim que a tecnologia se torna mais acessível, os concorrentes podem rapidamente alcançar, utilizando ferramentas e abordagens similares.
Portanto, para manter uma vantagem competitiva duradoura, os escritórios de contabilidade devem não apenas adotar a IA, mas também continuar a inovar e diferenciar suas estratégias de IA. Isso implica não somente na implementação de novas tecnologias, mas também no aprimoramento contínuo e na adaptação à medida que novas versões e capacidades são desenvolvidas. Assim, o verdadeiro valor não está apenas nas ferramentas de IA em si, mas na maneira como são utilizadas para criar soluções únicas e melhoradas para os clientes.
Além disso, é essencial reconhecer o valor dos dados proprietários. O artigo destaca que “a vantagem real está nos dados usados para treinar e personalizar esses modelos.” Portanto, escritórios de contabilidade que sabem gerenciar e explorar seus dados de maneira eficaz terão uma vantagem significativa, pois os dados não são apenas um recurso, mas um ativo estratégico que pode diferenciar uma empresa no mercado.
BlackBerry e o iPhone
O artigo “Five Myths About Generative AI That Leaders Should Know” utiliza o exemplo histórico da BlackBerry e do iPhone para ilustrar um ponto crítico sobre a adoção de tecnologias disruptivas. A passagem relevante destaca que “empresas frequentemente se veem surpreendidas por disrupções, como visto com a JCPenney e Circuit City sendo esmagadas pela Amazon e pelo comércio eletrônico durante o apocalipse do varejo, ou Nokia e RIM/BlackBerry falhando contra o iPhone e o modelo de loja de aplicativos”. Este exemplo serve para enfatizar a importância de não adotar uma postura de espera diante de inovações tecnológicas emergentes.
A lição aqui é clara: a hesitação ou a inação diante de mudanças tecnológicas significativas pode levar a consequências drásticas. No caso da BlackBerry, a empresa não conseguiu se adaptar rapidamente às inovações introduzidas pelo iPhone, principalmente a interface de usuário baseada em touchscreen e o ecossistema de aplicativos, que redefiniram as expectativas dos consumidores e as práticas do mercado.
Por fim, o artigo usa esses exemplos históricos para alertar os líderes sobre o potencial da IA gerativa de ser o próximo “momento iPhone”, alterando fundamentalmente as expectativas dos clientes e como as empresas entregam valor. A questão crítica levantada é: “a questão crítica não deveria ser se podemos nos dar ao luxo de investir na busca de novas oportunidades de IA gerativa, mas sim se podemos nos dar ao luxo de não fazê-lo.” Essa abordagem proativa é defendida como essencial para que as empresas não apenas sobrevivam, mas prosperem em um ambiente de negócios em constante evolução.
Alerta aos fornecedores de sistemas contábeis
A revolução da inteligência artificial gerativa (IA Gerativa) está aqui, e seu impacto sobre a indústria contábil não pode ser subestimado. Assim como o iPhone redefiniu o mercado de telefonia móvel com sua interface intuitiva e seu ecossistema de aplicativos, a IA gerativa está transformando contadores em “programadores em linguagem natural”, capacitando-os a desenvolver soluções personalizadas e inovadoras que antes eram inimagináveis.
Fornecedores de software para escritórios de contabilidade, este é o momento de abrir suas plataformas para integração com IA. O desenvolvimento de APIs abertas é crucial, pois permitirá que contadores não apenas utilizem, mas também criem e adaptem tecnologias de IA para atender às suas necessidades específicas. Imaginem um mundo onde cada contador pode projetar seu próprio GPT ou Assistant personalizado, integrado diretamente aos softwares contábeis que já utilizam diariamente.
As possibilidades são tão vastas quanto a imaginação. Contadores poderiam desenvolver sistemas automatizados para análises fiscais profundas, otimização de fluxo de caixa, projeções financeiras inteligentes e personalizadas, tudo através de comandos simples e interfaces conversacionais. Mais do que isso, os escritórios contábeis poderiam transformar essas inovações em produtos, oferecendo suas soluções customizadas no modelo de Software como Serviço (SaaS) para outras firmas e clientes, gerando novas fontes de receita e expandindo suas ofertas de serviços.
Entretanto, os sistemas contábeis que falharem em adotar uma arquitetura aberta e adaptável correm o risco de se tornarem obsoletos. Assim como a BlackBerry perdeu sua posição de liderança por não se adaptar ao novo modelo de negócios centrado em aplicativos, os sistemas contábeis que não se adaptarem à nova era da IA gerativa enfrentarão um destino semelhante. Não se trata apenas de adotar a tecnologia, mas de integrá-la de maneira que permita inovação contínua e adaptação.
Fornecedores de software, o futuro é agora. Ao integrar a IA gerativa em seus produtos, vocês não apenas mantêm sua relevância, mas também habilitam seus clientes a prosperar em um ambiente de negócios em rápida transformação. Este é o momento de agir, de ser proativo, não de esperar para ver. A adoção de IA gerativa é uma corrida, não apenas para manter o passo, mas para liderar a transformação no mundo contábil.
Conclusão
À medida que entramos em uma nova era de inovação tecnológica impulsionada pela inteligência artificial gerativa, tanto contadores quanto fornecedores de software enfrentam um momento decisivo. A capacidade de adaptar-se e aproveitar as oportunidades que a IA oferece será determinante para o sucesso futuro no campo da contabilidade. Contadores agora têm a capacidade única de atuar como desenvolvedores, criando soluções customizadas que não só automatizam processos, mas também oferecem insights profundos e análises preditivas através de interfaces de programação em linguagem natural. Este é um salto evolutivo que transforma a contabilidade de uma profissão tradicional para uma vanguarda da inovação tecnológica.
Para os fornecedores de software, o desafio é claro: APIs abertas e plataformas flexíveis são essenciais para facilitar essa transformação. Sem essas características, correm o risco de obsolescência, assim como a BlackBerry quando falhou em reconhecer e adaptar-se à era dos smartphones baseados em aplicativos. Portanto, é crucial que os sistemas de contabilidade sejam projetados para serem tão adaptáveis quanto os profissionais que os utilizam, permitindo a integração e personalização que a era da IA exige.
Em resumo, o avanço da IA gerativa não é apenas uma oportunidade, mas uma chamada à ação para contadores e desenvolvedores de software. É uma chance de redefinir o que é possível no campo da contabilidade, transformando desafios em oportunidades e passividade em liderança proativa. Ao abraçar essa tecnologia, tanto contadores quanto fornecedores de software podem garantir que não apenas sobrevivam, mas prosperem em um mercado cada vez mais dominado por inovações rápidas e disruptivas. Agir agora não é apenas uma opção; é uma necessidade estratégica para manter a relevância e o sucesso na próxima década.
Referência
Snyder, S. A., & Velastegui, S. (n.d.). Five Myths About Generative AI That Leaders Should Know. Knowledge@Wharton. Acessado em 1 de maio de 2024, de https://knowledge.wharton.upenn.edu/article/five-myths-about-generative-ai-that-leaders-should-know/