Fusões e aquisições se intensificam em 2021

A reengenharia vivida por muitas empresas nesta pandemia acelerou as operações de M&A mundo afora,  como meio de crescimento mesmo diante de uma conjuntura tão complexa

Além do salto de 26 para 174 no total de transações do gênero realizadas no Brasil entre 2016 e 2020, saltam aos olhos dos analistas negócios como a compra da Hub Fintech pelo Magazine Luiza por R$ 290 mi, no final de 2020.

Mais recentemente, no começo de junho, as ações da Embraer lideraram as altas do Ibovespa, ao se confirmarem as negociações da companhia com a startup Eve Urban Air Mobility, de veículos elétricos de decolagem e pouso vertical (eVTOLs), que tendem a fazer do helicóptero uma peça de museu.

Igualmente expressivo na composição deste cenário é o fato de o nosso país já ter ultrapassado a marca de 15 unicórnios (startups com valuation acima de US$ 1 bi), além de liderar os investimentos em Venture Capital, que na América Latina simplesmente quadruplicaram no último quinquênio.

Apesar desse momento nitidamente fértil no campo das M&A (fusões e aquisições), notadamente em se tratando de startups e grandes corporações, não se pode dizer que um processo desse tipo seja rápido, tampouco simples.

São muitas as variáveis em jogo, a partir do aspecto psicológico dos fundadores (founders) e da documentação necessária, sem falar no próprio ambiente macroeconômico e na preparação que os candidatos a vender e comprar precisam ter.

Para se ter uma ideia, o processo completo neste sentido pode levar de 4 a 7 anos, sendo que o mapa de contatos com possíveis compradores geralmente supera o total de 100 empresas, até que se encontre a ideal.

Confira agora alguns conceitos básicos na área de M&A

Aquisição

Recebe esta definição o negócio no qual o comprador adquire total ou quase totalmente as ações ou ativos da empresa adquirida, à qual sucede integralmente no tocante aos direitos e obrigações.

Fusão

Neste caso, duas ou mais sociedades se unem para formar uma nova, havendo a permuta de ações e, também, a sucessão de direitos e obrigações.

Cisão

Ocorre quando uma empresa se divide para a criação de uma ou mais, destinando parte de seus ativos ao novo empreendimento. A sucessão de direitos e obrigações costuma ser feita via permuta de ações.

Joint Venture

Esta modalidade se caracteriza pela criação de uma empresa com finalidade específica, na qual os sócios operam individualmente e os principais direitos e obrigações se formalizam em contrato.

Cisão

Como o próprio nome diz, trata-se da divisão de uma empresa em uma ou mais. O empreendimento original pode ou não continuar existindo, e parte dos seus ativos é destinada aos novos empreendimentos, que assumem todas as suas responsabilidades.

Cash-in e Cash-out

Cash-in é quando há injeção de dinheiro novo na empresa, gerando com isto um aumento nas cotas de participação.

Cash-out, por sua vez, significa a compra da participação de outros sócios, sem que haja injeção de dinheiro na empresa.

Os dois não são excludentes e podem acontecer na mesma transação ou deal.

Holdback

Retenção de parcelas do preço total, por parte do comprador, frente à possibilidade de passivos ou contingências surgirem na empresa adquirida.

Escrow Account

Previsão no contrato que certo valor será descontado da transação e ficará depositado em conta vinculada específica a ser aberta.

Contingências

Passivos potenciais encontrados na empresa que está em processo de aquisição, durante a due diligence. Por exemplo, processos trabalhistas.

Stock Swap

Nesta opção, corporações realizam uma parte do pagamento ou a sua totalidade, por meio de ações da empresa compradora.

Earnout

Pagamento de uma parcela da compra feita mediante o atingimento de algum objetivo, ou evento previamente acordado.

Este expediente tem larga aplicação quando se procura equilibrar a percepção de valor no preço ajustado entre comprador e vendedor.

A Hora certa de sair

Seja um investidor financeiro, fundo de Private Equity ou Venture Capital, o adquirente de uma empresa costuma ter como meta vender novamente o negócio quando suas cotas valorizarem.

Esta valorização decorre de fatores como crescimento de receita, aumento de margens, alavancagem financeira e alteração do múltiplo de entrada (porte, governança, diferenciais), quando se resolve sair do investimento.

Pesam nesta evolução aspectos geradores de sinergia a ser desfrutados pela compradora, normalmente envolvendo equipes, produtos, tecnologias, base de clientes, movimento estratégico/defensivo.

Conheça melhor as principais destas motivações:

1 – Capital humano

Nem sempre uma operação de M&A tem como gatilho grandes cifras e potencial de crescimento da empresa a ser adquirida.

A compra da startup Hekima pela iFood foi um exemplo típico daquilo que se define na área como acquihire,ou seja, a aquisição de equipes especialmente interessantes para os planos de uma corporação.

Neste caso específico, o alvo foi a expertise da companhia adquirida no campo da , tecnologia considerada “motor das operações da iFood”, na definição do seu CEO, Fabricio Blosi.

Com o mesmo raciocínio, a plataforma de venda de ingressos ingresse adquiriu o aplicativo de relacionamento Poppin para absorver a expertise acumulada por metade dos colaboradores daquela marca, que deixou de existir com esta operação.

2 – Produto & Tecnologia     

A grande importância da logística no e-commerce levou a Locaweb a se interessar pela Melhor Envio, plataforma posicionada dentre as preferidas das PME’s em função das soluções inovadoras que desenvolve.

Já a Stoq Tecnologia chamou a atenção do Magazine Luíza, que estava à procura de uma startup capaz de uma vez incorporada à sua própria estrutura, aprimorar a mecânica de pagamento online daquela potência varejista.

3 – Base de clientes

Fortalecer sua presença na Europa e América Latina foi o principal objetivo da norte-americana Glassdoor, ao adquirir o Love Mondays, site especializado na avaliação de empresas, que possui uma base consolidada de clientes nesses dois continentes.

Motivação semelhante levou a Neoway a investir US$ 26 milhões para adquirir a LegalLabs, pois assim passou a ter acesso a clientes com grande número de processos judiciais, tais como bancos, seguradoras, empresas de saúde, energia, e-commerce, assim como tribunais, procuradorias e grandes escritórios de advocacia.

Como se vê, são inúmeros os fatores que podem levar as corporações a buscar novos rumos para continuar crescendo, ao somar a força disruptiva das startups à cultura responsável pela sua caminhada bem-sucedida até aqui.

Que tal também começar a ter essa possibilidade no radar de sua empresa contábil?

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