Guia Completo para Entender a Rosenberg MAP Survey 2024: Tendências e Desafios para Firmas de Contabilidade
Introdução
A Rosenberg MAP Survey 2024 representa um dos mais importantes estudos sobre o mercado contábil nos Estados Unidos, oferecendo insights valiosos sobre tendências, desafios e oportunidades para firmas de contabilidade de diferentes portes. Esta pesquisa abrangente, com participação de 293 firmas, apresenta dados detalhados sobre operações financeiras, práticas estratégicas e indicadores de desempenho que são fundamentais para compreender a dinâmica atual do setor.
Neste guia, vamos explorar detalhadamente os principais aspectos revelados pela pesquisa, desde o crescimento de receita e rentabilidade até os desafios de pessoal, adoção tecnológica e influência do Private Equity no mercado. Ao final, você terá uma visão clara e abrangente das tendências que estão moldando o futuro das firmas de contabilidade e poderá utilizar essas informações para benchmarking e planejamento estratégico da sua própria operação.
Pré-requisitos para melhor compreensão
- Conhecimento básico sobre operações de firmas de contabilidade
- Familiaridade com termos financeiros e indicadores de desempenho (KPIs)
- Interesse em tendências do mercado contábil e práticas de gestão
1. Crescimento de Receita e Rentabilidade em Firmas de Contabilidade
Disparidades significativas entre firmas de diferentes portes
A Rosenberg MAP Survey 2024 revela disparidades notáveis no crescimento de receita entre firmas de contabilidade de diferentes tamanhos. As firmas com faturamento superior a US$ 20 milhões apresentaram um crescimento impressionante de 12,5%, incluindo fusões e aquisições. Este percentual demonstra a capacidade das grandes empresas de expandir suas operações tanto organicamente quanto por meio de estratégias de consolidação, aproveitando economias de escala e ampliando sua presença no mercado.
Em contraste, as firmas menores, com receita inferior a US$ 2 milhões, registraram taxas de crescimento mais modestas, variando entre 3,1% e 10,6%. Esta variação significativa indica que, embora algumas pequenas empresas consigam alcançar crescimento substancial, muitas enfrentam desafios para expandir na mesma proporção que as grandes firmas. Fatores como recursos limitados para marketing, menor capacidade de investimento em tecnologia e dificuldades na atração de talentos contribuem para estas disparidades no crescimento de receita.
As projeções para 2024 mostram expectativas de crescimento entre 8,5% e 9,7% para o setor como um todo, indicando otimismo moderado para o futuro próximo. É importante destacar que a pesquisa contou com uma alta taxa de participação recorrente, com 82% das firmas tendo participado tanto em 2023 quanto em 2024, o que garante consistência e confiabilidade na comparação anual dos dados, permitindo identificar tendências reais e não apenas flutuações na amostragem.
Rentabilidade por sócio e indicadores-chave de desempenho
A análise da rentabilidade por sócio revela um cenário ainda mais contrastante entre firmas de diferentes portes. As pequenas empresas registraram uma rentabilidade média por sócio de US$ 298.345, enquanto as grandes firmas alcançaram valores significativamente superiores, chegando a US$ 724.260 por sócio. Esta diferença de mais de 140% na rentabilidade demonstra as vantagens competitivas que as grandes firmas possuem em termos de eficiência operacional, capacidade de precificação e diversificação de serviços.
Os indicadores-chave de desempenho (KPIs) analisados na pesquisa fornecem uma visão abrangente da saúde financeira das empresas do setor. Além da receita bruta e líquida, a pesquisa examina métricas como receita por profissional, receita por funcionário e margem de lucro operacional. Estes KPIs permitem que as firmas avaliem sua eficiência em comparação com concorrentes de tamanho similar, identificando áreas para melhoria e oportunidades de otimização de processos.
A discrepância na rentabilidade reflete diferenças estruturais importantes entre os modelos de negócio. As grandes firmas geralmente conseguem oferecer serviços de maior valor agregado, como consultoria estratégica e planejamento fiscal complexo, que permitem taxas horárias mais elevadas. Além disso, sua escala possibilita investimentos em tecnologia e automação que reduzem custos operacionais e aumentam a eficiência, resultando em margens de lucro superiores por sócio.
2. Desafios de Pessoal e Terceirização no Setor Contábil
Alta rotatividade e escassez de talentos
Um dos desafios mais significativos enfrentados pelo setor contábil, conforme revelado pela Rosenberg MAP Survey 2024, é a alta rotatividade de funcionários, que atingiu uma média de 12,9%. Este índice alarmante representa uma preocupação crítica para firmas de todos os tamanhos, pois a perda constante de profissionais não apenas aumenta os custos de recrutamento e treinamento, mas também afeta a continuidade do atendimento aos clientes e a qualidade dos serviços prestados.
A escassez de talentos qualificados no mercado contábil tem se intensificado nos últimos anos, criando um ambiente altamente competitivo para a atração e retenção de profissionais. Fatores como o envelhecimento da força de trabalho, mudanças nas preferências de carreira entre os jovens profissionais e a crescente complexidade das habilidades necessárias para atuar no setor contribuem para este cenário desafiador. As firmas estão sendo forçadas a repensar suas estratégias de recursos humanos, incluindo pacotes de benefícios, oportunidades de desenvolvimento profissional e arranjos de trabalho flexíveis.
Esta rotatividade elevada cria um ciclo vicioso em muitas firmas: a sobrecarga de trabalho resultante das posições não preenchidas aumenta o estresse dos profissionais remanescentes, levando a mais saídas e agravando ainda mais o problema. Além disso, a constante necessidade de treinar novos funcionários reduz a produtividade geral e pode comprometer a qualidade do trabalho entregue, afetando a satisfação dos clientes e, consequentemente, a rentabilidade da firma.
Crescente adoção de terceirização e offshoring como estratégias
Diante dos desafios de pessoal, a pesquisa indica que mais de 66% das grandes firmas estão aumentando a terceirização e o offshoring como estratégias para manter a eficiência operacional. Estas abordagens permitem que as empresas compensem a escassez de talentos locais, reduzam custos operacionais e mantenham a capacidade de atender à crescente demanda por serviços contábeis e consultivos.
As firmas com receita superior a US$ 10 milhões estão na vanguarda desta tendência, utilizando a terceirização não apenas como uma solução temporária, mas como um componente estratégico de seu modelo de negócio. Estas empresas frequentemente estabelecem parcerias de longo prazo com provedores de serviços em países com mão de obra qualificada e custos mais baixos, como Índia, Filipinas e países da América Latina. Esta abordagem permite que mantenham o controle sobre a qualidade do trabalho enquanto aproveitam as vantagens de custo e escala.
A terceirização está evoluindo além das funções tradicionais de contabilidade e preparação de impostos para incluir serviços mais especializados, como análise financeira, auditoria e consultoria. As firmas estão desenvolvendo processos sofisticados para gerenciar equipes remotas, incluindo sistemas de controle de qualidade, comunicação regular e treinamento contínuo. Esta evolução na abordagem à terceirização está permitindo que as firmas mantenham a qualidade do serviço enquanto liberam seus profissionais internos para se concentrarem em atividades de maior valor agregado e no relacionamento direto com os clientes.
3. Taxas de Faturamento e Utilização de Pessoal
Variações significativas nas taxas horárias entre firmas
A Rosenberg MAP Survey 2024 revela diferenças substanciais nas taxas de faturamento por hora entre firmas de diferentes portes. Os sócios cobram, em média, entre US$ 326 e US$ 447 por hora, com as firmas maiores geralmente praticando as taxas mais elevadas. Esta disparidade reflete não apenas o poder de mercado das grandes empresas, mas também a percepção de valor agregado associada aos serviços prestados por firmas de maior porte e renome.
As taxas mais altas praticadas pelas grandes firmas são justificadas por diversos fatores. Primeiramente, estas empresas geralmente oferecem uma gama mais ampla e especializada de serviços, respaldados por equipes multidisciplinares com expertise em áreas específicas. Além disso, investem significativamente em tecnologia, metodologias proprietárias e treinamento contínuo, o que permite entregar serviços de maior complexidade e valor agregado. A reputação e o reconhecimento de mercado também contribuem para a capacidade de cobrar taxas premium.
Para as firmas menores, o desafio de aumentar suas taxas horárias está frequentemente ligado à necessidade de diferenciação e especialização. Aquelas que conseguem desenvolver nichos específicos de atuação ou expertise reconhecida em determinados setores tendem a conseguir praticar taxas mais competitivas. A pesquisa sugere que a estratégia de posicionamento de mercado é crucial para que firmas de menor porte possam melhorar suas taxas de faturamento e, consequentemente, sua rentabilidade geral.
Taxas de utilização e eficiência operacional
As taxas de utilização do pessoal, outro indicador crítico analisado pela pesquisa, variam entre 53,2% e 56,9% nas firmas participantes. Estes percentuais representam a proporção do tempo total disponível dos profissionais que é efetivamente faturável aos clientes. Embora possam parecer relativamente baixas à primeira vista, estas taxas refletem a realidade do setor contábil, onde parte significativa do tempo é dedicada a atividades não faturáveis, como desenvolvimento profissional, gestão interna e desenvolvimento de negócios.
A diferença aparentemente pequena de alguns pontos percentuais na taxa de utilização pode ter um impacto significativo na rentabilidade da firma. Por exemplo, um aumento de 53% para 56% na taxa de utilização representa um ganho de eficiência de aproximadamente 5,7%, o que pode se traduzir em centenas de milhares de dólares em receita adicional para uma firma de médio porte, sem aumento proporcional nos custos operacionais. Esta é uma das razões pelas quais as firmas mais lucrativas dedicam atenção especial à otimização das taxas de utilização.
As firmas enfrentam o desafio constante de equilibrar a utilização ideal dos profissionais com a necessidade de manter capacidade disponível para atender demandas não planejadas dos clientes e investir no desenvolvimento da equipe. Taxas de utilização excessivamente altas podem levar à sobrecarga dos profissionais, comprometendo a qualidade do trabalho e aumentando a rotatividade. Por outro lado, taxas muito baixas indicam ineficiência operacional e afetam diretamente a rentabilidade. A pesquisa sugere que as firmas mais bem-sucedidas implementam sistemas sofisticados de planejamento de capacidade e alocação de recursos para otimizar este equilíbrio.
4. Influência do Private Equity e Consolidação do Mercado
Transformação da estrutura do mercado contábil
A entrada do Private Equity no setor contábil está transformando fundamentalmente a estrutura do mercado, conforme evidenciado pela Rosenberg MAP Survey 2024. Tradicionalmente dominado por parcerias profissionais com estruturas de propriedade relativamente estáveis, o mercado contábil agora experimenta uma onda de investimentos externos que trazem novas dinâmicas competitivas e modelos de negócio. Grupos de Private Equity identificaram oportunidades significativas no setor, atraídos pela receita recorrente, margens potencialmente atrativas e oportunidades de consolidação em um mercado historicamente fragmentado.
Este novo cenário está criando uma divisão cada vez mais clara entre as mega-firmas com suporte de investidores institucionais e as firmas tradicionais de médio e pequeno porte. As empresas apoiadas por Private Equity geralmente implementam estratégias agressivas de crescimento, focadas em aquisições sequenciais para construir escala rapidamente. Elas também tendem a introduzir práticas de gestão mais orientadas para resultados financeiros de curto e médio prazo, com ênfase em métricas como EBITDA (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) e geração de caixa, que nem sempre eram o foco principal das firmas tradicionais.
A influência do Private Equity vai além das mudanças estruturais, afetando também aspectos culturais e operacionais das firmas adquiridas. Há uma tendência de profissionalização da gestão, com a introdução de executivos experientes de outros setores e a implementação de sistemas mais robustos de governança corporativa. Estas mudanças podem trazer benefícios significativos em termos de eficiência e capacidade de crescimento, mas também representam um desafio para preservar a cultura profissional e o foco no cliente que tradicionalmente caracterizam as firmas de contabilidade.
Aumento nas fusões e aquisições e busca por escala
O aumento nas fusões e aquisições no setor contábil, impulsionado pela entrada do Private Equity, está acelerando a consolidação do mercado. As transações não se limitam apenas às grandes firmas adquirindo as menores; há um movimento significativo de fusões entre firmas de médio porte buscando ganhar escala para competir mais efetivamente no novo ambiente. Esta atividade intensa de M&A (Mergers and Acquisitions) está redefinindo o panorama competitivo e criando novas hierarquias de mercado.
A busca por escala e capacidade não é motivada apenas por considerações defensivas, mas também pela necessidade de atender melhor às demandas crescentes dos clientes. À medida que empresas de todos os tamanhos enfrentam ambientes regulatórios mais complexos e desafios de negócios que exigem expertise especializada, as firmas de contabilidade precisam expandir suas capacidades para permanecer relevantes. A escala permite investimentos em tecnologia, desenvolvimento de especialidades verticais e contratação de talentos que seriam inviáveis para firmas menores operando isoladamente.
As firmas que participam ativamente deste movimento de consolidação enfrentam desafios significativos de integração pós-fusão, incluindo a harmonização de sistemas, processos e culturas organizacionais. A pesquisa sugere que o sucesso nas fusões e aquisições está fortemente correlacionado com a eficácia da integração e a capacidade de preservar os relacionamentos com clientes durante a transição. As firmas que conseguem navegar com sucesso por estes desafios emergem mais fortes e melhor posicionadas para capitalizar as oportunidades em um mercado em transformação, enquanto aquelas que falham na integração frequentemente veem erosão significativa do valor esperado da transação.
5. Adoção de Tecnologia e Inteligência Artificial (IA)
Transformação digital no setor contábil
A Rosenberg MAP Survey 2024 destaca o uso crescente de tecnologias avançadas e inteligência artificial como uma tendência definidora para o futuro das firmas de contabilidade. Esta transformação digital vai muito além da simples adoção de software contábil tradicional, envolvendo tecnologias sofisticadas que estão redefinindo fundamentalmente como os serviços contábeis são entregues. As firmas líderes estão investindo em plataformas de análise de dados, automação de processos robóticos (RPA), aprendizado de máquina e inteligência artificial para criar vantagens competitivas e melhorar a eficiência operacional.
A automação de processos repetitivos representa uma das aplicações mais imediatas e impactantes da tecnologia no setor contábil. Tarefas tradicionalmente intensivas em mão de obra, como lançamentos contábeis, reconciliações bancárias, classificação de documentos e preparação de declarações fiscais padronizadas, estão sendo cada vez mais automatizadas. Esta automação não apenas reduz custos operacionais, mas também minimiza erros humanos e libera tempo dos profissionais para atividades de maior valor agregado. A pesquisa indica que as firmas que implementaram soluções de automação abrangentes conseguiram melhorar significativamente suas margens operacionais e taxas de utilização do pessoal.
O ritmo da adoção tecnológica varia consideravelmente entre firmas de diferentes portes, criando potencialmente um “gap digital” no setor. As grandes firmas, com maiores recursos para investimento, frequentemente lideram a implementação de tecnologias avançadas, enquanto firmas menores podem enfrentar desafios para acompanhar esta evolução. No entanto, a pesquisa também identifica uma tendência emergente de democratização tecnológica, com o surgimento de soluções baseadas em nuvem com modelos de precificação acessíveis, permitindo que firmas de menor porte também se beneficiem de capacidades tecnológicas avançadas sem necessidade de grandes investimentos iniciais em infraestrutura.
Foco em serviços consultivos de maior valor agregado
A automação e digitalização de processos tradicionais estão permitindo que as firmas de contabilidade reorientem seu foco para serviços consultivos de maior valor agregado, como estratégia de negócios, planejamento fiscal avançado e consultoria em tecnologia. Esta evolução representa uma mudança fundamental no modelo de negócio das firmas contábeis, transitando de provedores de serviços de conformidade para parceiros estratégicos de negócios de seus clientes.
Os serviços consultivos não apenas comandam taxas horárias mais elevadas, mas também tendem a criar relacionamentos mais profundos e duradouros com os clientes. Ao fornecer insights estratégicos que impactam diretamente o desempenho do negócio, as firmas contábeis elevam seu valor percebido e reduzem a sensibilidade a preço. A pesquisa indica que as firmas com maior proporção de receita proveniente de serviços consultivos geralmente apresentam rentabilidade por sócio significativamente superior à média do setor.
A transição para um modelo mais consultivo requer não apenas investimentos em tecnologia, mas também desenvolvimento de novas competências na equipe. Profissionais contábeis precisam complementar seu conhecimento técnico tradicional com habilidades em análise de negócios, comunicação consultiva e compreensão estratégica dos setores em que atuam seus clientes. As firmas líderes estão investindo significativamente no desenvolvimento destas competências, tanto por meio de treinamento interno quanto pela contratação de profissionais com backgrounds diversos, incluindo consultoria de gestão, tecnologia e estratégia empresarial. Esta abordagem multidisciplinar está criando um novo perfil de firma contábil, mais alinhado com as necessidades evolutivas dos clientes em um ambiente de negócios cada vez mais complexo e orientado por dados.
6. Metodologia da Pesquisa Rosenberg MAP Survey 2024
Robustez e abrangência do estudo
A Rosenberg MAP Survey 2024 se destaca pela robustez de sua metodologia, garantindo que os dados apresentados sejam confiáveis e representativos do setor contábil nos Estados Unidos. Com a participação de 293 firmas de contabilidade de diversos tamanhos e regiões geográficas, a pesquisa alcança uma amostragem significativa que permite extrair conclusões válidas sobre tendências e práticas do setor. Esta ampla participação é resultado de anos de construção de reputação e confiança junto ao mercado, posicionando a Rosenberg MAP Survey como uma referência indiscutível para benchmarking no setor contábil.
O processo de coleta de dados é meticulosamente estruturado, com questionários abrangentes que capturam informações detalhadas sobre aspectos financeiros e operacionais das firmas participantes. As perguntas são constantemente refinadas a cada edição da pesquisa para refletir mudanças no ambiente de negócios e capturar novas tendências emergentes. Além dos dados quantitativos, a pesquisa também coleta informações qualitativas sobre estratégias, desafios e oportunidades percebidos pelos líderes das firmas, proporcionando contexto valioso para a interpretação dos números.
A consistência metodológica ao longo dos anos é um dos principais pontos fortes da pesquisa, permitindo análises comparativas confiáveis de tendências ao longo do tempo. Com 82% das firmas tendo participado tanto na edição de 2023 quanto na de 2024, a pesquisa consegue identificar mudanças reais no desempenho e nas práticas do setor, distinguindo-as de variações que poderiam ser atribuídas a diferenças na composição da amostra. Esta continuidade proporciona insights valiosos sobre a evolução do mercado contábil e permite que as firmas avaliem seu progresso em relação aos benchmarks do setor de forma consistente.
Validação e integridade dos dados
Um aspecto fundamental que distingue a Rosenberg MAP Survey é seu rigoroso processo de validação de dados. Todas as informações submetidas pelas firmas participantes passam por uma revisão minuciosa conduzida por dois CPAs (Certified Public Accountants) independentes, especializados em análise de dados do setor contábil. Este processo de dupla verificação visa identificar inconsistências, valores atípicos ou erros de relatório que poderiam comprometer a integridade dos dados.
Os revisores aplicam uma série de verificações de consistência interna, comparando diferentes métricas relacionadas para garantir que os dados reportados sejam logicamente coerentes. Por exemplo, eles verificam se a soma das receitas por linha de serviço corresponde à receita total declarada, ou se as métricas de pessoal estão alinhadas com os dados financeiros correspondentes. Quando discrepâncias são identificadas, os revisores entram em contato com as firmas participantes para esclarecer e, se necessário, corrigir as informações fornecidas.
Além da validação técnica, a pesquisa também emprega métodos estatísticos robustos para identificar e tratar adequadamente valores extremos que poderiam distorcer os resultados agregados. Em vez de simplesmente excluir estes casos, a metodologia adotada busca compreender as razões subjacentes para desempenhos excepcionalmente altos ou baixos, frequentemente revelando práticas inovadoras ou desafios específicos que merecem atenção especial. Este tratamento nuançado dos dados permite que a pesquisa capture tanto as tendências centrais do mercado quanto a diversidade de experiências e abordagens entre as firmas participantes, fornecendo uma visão mais rica e completa do panorama contábil atual.
7. A Rosenberg MAP Survey como ferramenta de benchmarking e planejamento estratégico
Utilização dos dados para comparação de desempenho
A Rosenberg MAP Survey 2024 se estabelece como uma ferramenta indispensável para benchmarking no setor contábil, permitindo que firmas de todos os tamanhos comparem seu desempenho com pares relevantes. Os dados segmentados por tamanho de firma, região geográfica e mix de serviços possibilitam comparações granulares e significativas, indo além de médias gerais que poderiam obscurecer nuances importantes. Este nível de detalhamento permite que os líderes identifiquem com precisão áreas de força relativa e oportunidades específicas de melhoria em suas operações.
As métricas apresentadas na pesquisa abrangem todos os aspectos críticos da operação de uma firma contábil, desde indicadores financeiros fundamentais (como receita por profissional e margem de lucro) até métricas operacionais detalhadas (como taxas de utilização, rotatividade de pessoal e estrutura de compensação). Esta abordagem holística ao benchmarking permite uma avaliação abrangente do desempenho da firma, evitando o foco excessivo em métricas isoladas que poderia levar a decisões desequilibradas ou contraproducentes no longo prazo.
Para maximizar o valor do benchmarking, muitas firmas estabelecem processos estruturados de análise comparativa, formando comitês internos dedicados a estudar os resultados da pesquisa e identificar implicações específicas para sua operação. Estes grupos frequentemente desenvolvem dashboards personalizados que acompanham o desempenho da firma em relação aos benchmarks relevantes ao longo do tempo, permitindo avaliar o progresso de iniciativas estratégicas e ajustá-las conforme necessário. Esta abordagem disciplinada ao benchmarking transforma os dados da pesquisa em insights acionáveis que impulsionam melhorias contínuas no desempenho.
Informações estratégicas para tomada de decisão
Além de seu valor para benchmarking tático, a Rosenberg MAP Survey fornece insights estratégicos que informam decisões fundamentais sobre o direcionamento futuro das firmas de contabilidade. Os dados sobre tendências emergentes, como a adoção de tecnologia, terceirização e diversificação de serviços, permitem que os líderes antecipem mudanças no mercado e posicionem suas firmas proativamente para capitalizar oportunidades futuras.
No atual ambiente de consolidação acelerada, a pesquisa oferece orientações valiosas para firmas considerando fusões, aquisições ou parcerias estratégicas. Os dados sobre valorização de firmas, estruturas de transação e fatores de sucesso em integrações pós-fusão proporcionam um framework para avaliar potenciais combinações e estruturar acordos que maximizem o valor para todas as partes envolvidas. Para firmas buscando permanecer independentes, a pesquisa identifica características e práticas das firmas que conseguem prosperar como entidades autônomas, mesmo em um mercado cada vez mais dominado por grandes players.
O planejamento de sucessão, um desafio perene para firmas de contabilidade, também é significativamente facilitado pelos insights da pesquisa. Dados sobre estruturas de propriedade, modelos de compensação de sócios e estratégias de desenvolvimento de liderança fornecem referências valiosas para firmas desenvolvendo seus próprios planos de transição geracional. Ao compreender como firmas bem-sucedidas gerenciam este processo crítico, os líderes podem desenvolver abordagens personalizadas que preservem o valor da firma enquanto facilitam uma transição suave para a próxima geração de profissionais.
Conclusão
A análise detalhada da Rosenberg MAP Survey 2024 revela um setor contábil em profunda transformação, caracterizado por crescimento robusto mas desigual, desafios significativos na gestão de talentos e uma crescente divisão entre firmas que abraçam a inovação tecnológica e aquelas que permanecem presas a modelos tradicionais. O estudo destaca como as disparidades de desempenho entre firmas de diferentes portes estão se ampliando, com as grandes empresas aproveitando economias de escala, capacidade de investimento em tecnologia e poder de mercado para alcançar níveis superiores de crescimento e rentabilidade.
Os desafios de pessoal, evidenciados pela alta rotatividade de funcionários e crescente adoção de terceirização, estão intrinsecamente conectados às questões de utilização de pessoal e eficiência operacional. As firmas que conseguem implementar estratégias eficazes de retenção de talentos, combinadas com automação inteligente e terceirização estratégica, estão melhor posicionadas para otimizar suas operações e melhorar a rentabilidade. Simultaneamente, a influência crescente do Private Equity está acelerando a consolidação do mercado e introduzindo novas dinâmicas competitivas que exigem respostas estratégicas de todas as firmas, independentemente de seu tamanho.
Para navegar com sucesso neste ambiente em rápida evolução, as firmas de contabilidade precisarão adotar uma abordagem multifacetada: investir em tecnologia, incluindo IA, para automatizar processos e melhorar a eficiência; desenvolver estratégias inovadoras de recrutamento e retenção de talentos; focar em serviços de maior valor agregado que resistam à comoditização; e considerar cuidadosamente seu posicionamento estratégico em um mercado cada vez mais consolidado. As firmas que conseguirem executar esta transformação complexa estarão bem posicionadas para prosperar, enquanto aquelas que resistirem à mudança provavelmente enfrentarão desafios crescentes para manter sua relevância e rentabilidade no futuro.
*Fonte: Rosenberg MAP Survey 2024. “Análise de Tendências e Desafios para Firmas de Contabilidade nos EUA”. Disponível em: https://www.robertodiasduarte.com.br/entendendo-os-principais-dados-da-rosenberg-map-survey-2024-o-que-esperar-para-o-futuro-das-firmas-de-contabilidade/